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"Kozák" concorre em Salvador e pode ganhar mais prêmios

Salvador - "O Mundo Perdido de Kozák", curta-metragem de Fernado Severo, está programado para ser exibido hoje ao entardecer, numa das primeiras sessões da mostra competitiva em 16mm. Premiado com o kikito de melhor roteiro no XVI Festival do Cinema Brasileiro de Gramado (junho/88) e mais dois "Sol de Prata" (melhor filme, melhor direção, categoria curta 16mm) no IV Rio Cine Festival (agosto/88), no qual também obteve o prêmio Macunaíma, como o melhor filme em competição, a afetuosa homenagem que Fernando Severo, catarinense de Caçador, mas curitibano de adoção, faz ao pioneiro Vlademir Kozák, poderá sair da XVII jornada Internacional de Cinema da Bahia, iniciada ontem, com mais uma premiação. Considerada a mais importante mostra do cinema documental da América do Sul, a XVII jornada Internacional de Cinema Documental da América do Sul, a XVII Jornada Internacional de Cinema da Bahia tem prevista a projeção de aproximadamente 150 filmes, de curta, média e longa metragem, diferentes bitolas - e que cresceu agora também para uma mostra paralela de vídeo latino-americano e da África de língua portuguesa. Realizadores de várias regiões aqui estão, hospedados nos hotéis "da Bahia", "Bahia do Sol" e "Vila Velha", acompanhando as sessões de exibições, debates e eventos paralelos que acontecerão até o próximo dia 14. Continuidade - Guido Araújo, 50 anos, cineasta, professor, historicamente ligado ao cinema brasileiro desde o ciclo ocorrido na Bahia nos anos 60 - e anteriormente assistente de Nélson Pereira dos Santos em "Rio, 40 graus" (1954), quando morava no Rio de Janeiro, é o grande responsável pelo êxito deste evento que tem conseguido algo raro em termos culturais no Brasil: a continuidade. Surgindo modestamente em 1971, como uma pequena mostra de curtas-metragens, estimulada pelo Goethe Institut - que sempre teve em Salvador a sua maior filmoteca e uma presença cultural ativíssima - a Jornada foi crescendo de importância. Apesar das dificuldades econômicas, problemas de censura nos anos duros da ditadura militar - em algumas edições, vários filmes foram proibidos de aqui serem apresentados - a Jornada é hoje um evento internacional, graças ao prestígio que Guido Araújo consolidou em sua atividade de animador cultural cinematográfico. No ano passado, foi membro do júri de longas-metragens no Festival de Cinema de Havana, oportunidade em que alinhavou a vinda do cinema Cubano - para fazer aqui, ontem à noite, a primeira exibição mundial de "1999", seu último longa-metragem. Este filme aborda um tema impotantíssimo - a questão do Canal do Panamá, às vésperas de ter o seu contrato de exploração vencido após um século de sua construção. A Jornada - A XVII jornada Internacional de Cinema da Bahia tem como lema "Por Um Mundo mais Humano". Organizada pelo Clube de Cinema da Bahia, FAPEX e Fundação Cultural do Estado da Bahia - da qual Guido é hoje vice-presidente. O patrocínio é dividido entre a Universidade Federal da Bahia, Secretaria de Cultura e Fundação Cultural Gregório de Mattos, com apoio da Bahiatursa, IRDEB, Hotel da Bahia, Varig, Instituto Goethe e outras instituições - além da iniciativa privada. Evento independente, a Jornada tem competições de curta e média metragens, documetários de longa e vídeos latino-americanos e africanos de língua portuguesa, com mostras informativas da produção de cinema dos mais variados países e mercado internacional de filme e vídeo de veiculação cultural alternativa. Este festival, único em seu gênero no Brasil e fórum maior dos documentaristas da América Latina e Caribe, tem por objetivo promover o encontro das idéias e dos cineastas do Terceiro Mundo "que lutam pela conquista de espaços para suas produções, fortalecer a integração das cinematografias latino-americanas e africanas de língua portuguesa, apresentar ao público brasileiro as obras mais significativas de curta e média metragem, ou documentários de longa, em filme e vídeo, visando aprofundar o intercâmbio entre as cinematografias independentes dos seus produtores" - como repetia, na abertura, o seu coordenador-geral, Guido Araújo. Uma das preocupações de Guido é que ao menos os filmes e vídeos premiados - (o que ocupam mostras especiais) sempre que possível, sejam levados a outros estados. Como Francisco Alves dos Santos, coodenador da área de cinema da Fundação Cultural de Curitiba, acompanha há mais de 10 anos a Jornada, anualmente os filmes ali premiados tem sido vistos na Cinemateca do Museu Guido Viaro, poucas semanas após o evento. Este ano, paralelamente à área competitiva, acontece o Mercado Internacional de Filme e Vídeo Independente para os espaços alternativos de cinema e TV. Já a parte competitiva desta XVII Jornada Internacional de Cinema da Bahia abrange apenas as produções latino-americanas e africanas de língua portuguesa e visa premiar os melhores filmes de curta e média metragens nas categorias documental, ficção e animação ou experimental; os melhores vídeos do movimento popular e o melhor documentário de longa-metragem. O prêmio principal, oferecido pala Secretaria de Cultura do Estado da Bahia tem o nome de Glauber Rocha - para o melhor filme da Jornada, independente de tempo e bitola; o Prêmio Paulo Emílio Salles Gomes, oferecido pela Secretaria de Cultura de São Paulo (também em dinheiro) é para o melhor filme brasileiro no campo de pesquisa histórica, sociológica ou antropológica. Depois há os troféus Tatu de Ouro (melhor curta, média e documentário de longa-metragem); Tatu de Prata (curta ou média nas categorias documental, ficção e animação); Tatu de Bronze (melhor fotografia, montagem, roteiro, som e música do filme de curta ou média metragem ou documentário de longa-metragem). Há também outras premiações: "Walter da Silveira" (em homenagem a um dos mais importantes críticos de cinema da Bahia, já falecido), em dinheiro, oferecido pela Fundação Cultural, ao melhor vídeo da jornada; troféus Tatu de Ouro, - melhor enfoque afro-latino-americano; Tatu de Prata - melhor direção e Tatu de Bronze - melhor revelação. Como o júri internacional de vídeo pode ainda conceder prêmios especiais, não faltarão distinções aos trabalhos de maior destaque. Nesta mostra que, crescendo organizadamente, é hoje um evento consolidado - de credibilidade e prestígio artístico cada vez maior. Fernando Severo, que desde ontem se encontra em Salvador, acompanhando a Jornada, mostra-se discreto - uma das características de sua personalidade: embora seu "Mundo Perdido de Kozák" venha precedido de premiações em dois outros festivais, sabe que aqui a competição será maior. - "Mas só estar presente, concorrendo e representando o Paraná, já é um prêmio". LEGENDA FOTO - Fernando Severo, em Salvador, concorrendo na Jornada de Cinema, com o seu curta "O Mundo Perdido de Kozák".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
09/09/1988

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