Login do usuário

Aramis

... e lá se foi o Cinema 1

Desde sexta-feira, Curitiba deixou de ter o seu único cinema de arte: o Cinema I, casa exibidora teoricamente destinada apenas a filmes de nível artístico, cerrou suas portas. O Fracasso financeiro do Cinema da Rua Saldanha marinho, 698, levou a Fama Filmes a tomar esta decisão, assim como há menos de um mês também fechou o Bristol (ex-Marabá, ex-Hauer). Basta um número para mostrar a razão da cidade ter perdido mais uma casa exibidora: na quinta-feira, o filme "Dilinger é Morto" (1968, com Annie Girardot e Michel Picolli), de Marco Ferreri (o mesmo diretor de "A Comilança La Grande Bouffe", 73, proibido por 6 anos no Brasil) rendeu exatamente Cr$ 236,00. A sessão da tarde (14:30 horas) foi suspensa porque não havia nenhum espectador e à noite apenas 14 pessoas foram nas duas sessões, quando o operador João Lima Feme fez as últimas projeções. Ao sair, quando o gerente Rafael Cambio baixou a porta de aço, se fechava definitivamente mais um cinema da cidade. Xxx Inaugurado com o nome de Cine Excelsior, a 16 de março de 1969, com o filme "A Espiã que Caiu do Céu" (Fathom), 1967, de Leslie H. Martinson, com Raquel Welch e Tony Franciosa, a casa exibidora instalada pela Fama Filmes num imóvel de propriedade da advogada Rosy Pinheiro Lima, nunca chegou a ter um bom faturamento. Várias tentativas foram feitas para melhorar a freqüência e apesar de funcionar relativamente no centro, com fácil estacionamento, o cinema sempre apresentou baixa rentabilidade. Após a tentativa de transformar o Cine Scala, na Rua Riachuelo, em casa especializada em filmes de arte, integrando a cadeia do Cinema I criada em 1972 por Hanny Rocha e Alberto Shotoviski no Rio de Janeiro, foi feita a experiência, há quatro anos, de reprogramar o Excelsior que se passou a chamar Cinema I. Infelizmente e os borderaux destes anos estão aí para provar poucos foram os dias em que o Cinema I não esteve com grande capacidade ociosa. Apesar dos bons filmes ali exibidos e da tentativas de promoção especial, o público sempre se mostrou avesso, levando a empresa exibidora a acumular prejuízos e chegar a decisão final: entre manter uma casa deficitária, com encargos administrativos, pessoal etc., ou reduzir seu circuito, optou pela segunda forma. A queda na freqüência dos cinemas é tão grande que mesmo o fechamento dos cines Opera e Arlequim, a 8 de janeiro de 1979, não estimulou a abertura de novas casas. O cine Morgenau, que os irmãs Santos mantém no Morgenau, vive seus últimos dias - já que os herdeiros do imóvel estão promovendo o despejo judicial para a retomada do prédio onde funciona o mais antigo cinema de Curitiba. O Avenida, como não nos cansamos de registrar, também fechará assim que se esgotem os recursos. E o Rivoli, no início da Rua Emiliano Perneta, também esta sendo solicitado pelos proprietários do prédio, que apesar do aluguel acima dos Cr$ 200 mil, desejam dar outra finalidade ao imóvel possivelmente a instalação de uma pastelaria. O Cine Glória, também ocupando um imóvel de Rosy Pinheiro Lima, na Praça Tiradentes inaugurado a 20 de junho de 1963, com a comédia "Volta Meu Amor" (Lover Come Back, 61, de Delbert Mann), com Doris Day e Rock Hudson é outro cinema que também poderá fechar. Nos primeiros anos, com entrada pela Travessa Tobias de4 Macedo, era um cinema lançador, com excelente programação. Quando a entrada passou a ser feita pela Praça Tiradentes, sua programação mudou assim como aconteceu no Scala: (filmes de ação e erotismo em programas duplo). Apesar de se dirigir as platéias mais humildes, a sua freqüência reduziu-se, especialmente este ano. Prova de que a economia de cada um obriga a sacrificar o lazer. E a TV não custa nada.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
10
23/11/1980

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br