Lázaro, mais um contista mineiro
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 10 de julho de 1987
Lázaro, mais um contista mineiro
O conto é um gênero que tem crescido bastante no Brasil. Há duas décadas, quando o então superintendente da Fundepar, Cândido Manoel de Oliveira, levou ao então governador Paulo Pimentel, a idéia do Paraná patrocinar um grande concurso nacional para estimular os contistas, inexistia qualquer premiação significativa. Paulo Pimentel acreditou na proposta e, por 3 anos, o Concurso Nacional de Contos foi a grande alavanca para que milhares de escritores se voltassem ao gênero. Se o Paraná não soube manter aquela promoção - quando poderia hoje estar consagrada - outros concursos surgiram, igualmente com prêmios estimulantes.
Independente de premiações, entretanto, o gênero cresceu em número e qualidade e mensalmente novos autores aparecem. É o caso do mineiro Lázaro Barreto, 53 anos, sociólogo que nunca exerceu sua profissão mas já foi balconista de boteco, auxiliar de escritório, lavrador e operador de máquina de contabilidade. Também tem caminhado muito, desde que saiu de sua cidade natal, Marilândia. Começou a escrever ainda garoto, fez poesia (tem dois livros publicados às suas custas, "Árvore no telhado" e "A cabeça de ouro do profeta"), mas só agora, com uma editora nacional lançando seu livro de contos, "Aço Frio de um punhal" (Editora Guanabara, 218 páginas) chega ao grande público.
Um crítico respeitado, José Geraldo Nogueira Moutinho, garante que "a prosa de Lázaro Barreto é a prosa de um poeta". Um aspecto importante para que se aprecie as qualidades de seu livro. Um livro bem mineiro, com as estórias ambientadas em pequenas cidades e no campo. Revelam, entretanto, o lado misterioso e até absurdo que pode ser descoberto nas vidas aparentemente monótonas. Lázaro busca também uma vontade de renovar a forma de contar, sem cair em experimentalismos fáceis.
Um autor de valor e vigor, que surge em boa hora.
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