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Aramis

Literatura infantil

A professora Maria Antonieta Antunes Cunha, responsável pelo único curso de pós - graduação em literatura infantil, no Brasil, da Universidade Federal de Minas Gerais, entusiasmou as 30 professoras e bibliotecárias que, durante 5 dias, assistiram suas palestras na Biblioteca Pública do Paraná. Autora de cinco livros, professora em três escolas superiores em Belo Horizonte e, nos últimos anos, dedicando-se especialmente a literatura infantil, Maria Antonieta é hoje uma das maiores especialistas neste novo campo de estudos - que só nos últimos 10 anos passou a merecer atenção especial de educadores. Ontem à noite, em sua última palestra, Maria Antonieta falou sobre os quadrinhos, que vê com a maior simpatia. Só os condena quando utilizados em livros didáticos, mas, na forma tradicional, as HQS tem nela uma grande defensora - em especial as estórias inteligentes e criativas, como de "Asterix" . Durante sua palestra, inclusive, fez uma comparação em relação a maneira com que hoje os professores e pais esclarecidos encaram as HQS, em relação à guerra sem tréguas que , até há 15 anos passados, mestres e pais de pouca visão dedicavam aos chamados "gibis", apontados como causas de reprovações e até delinqüência juvenil. Pelo trabalho que desenvolve no campo da literatura infantil, Maria Antonieta é hoje uma das pessoas mais bem informadas neste campo. E, ao longo de suas palestras, fez muitas revelações. Uma destas, a levou ás lágrimas: o escritor Origines Lessa, 74 anos, que a partir de 1970 vem se dedicando a literatura infanto - juvenil ( "Memórias de um Cabo de Vassoura", "Dom Quixote", "Memórias de Um Fusca", "Napoleão em Parada de Lucas", "Os Homens do Cavanhaque de Fogo", "Napoleão Ataca Outra Vez", "A Escada das Nuvens" e "Confissões de um Vira Lata"), recebeu uma ofensiva proposta da Editora Tecnoprint. A de que passasse a escrever com pseudônimo, "para que após a sua morte , a editora continuasse a editar outros livros, escritos evidentemente, por ghost - writters". Origines Lessa, evidentemente, não aceitou a proposta imoral da Tecnoprint. Além de romancista consagrado, conhecido principalmente por "O Feijão e o Sonho" (1936), Origines é um dos mais criativos redatores de publicidade, responsável por campanhas históricas. Apesar disso é um homem pobre, dedicado apenas aos livros - e que nunca se preocupou com as coisas materiais.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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12/03/1977

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