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Aramis

Lustosa, pioneiro de nossa imprensa

Gravando um depoimento para o "Projeto Memória Histórica Bamerindus", na tarde de segunda-feira, 7, o ex-deputado e fazendeiro Antônio Lustosa de Oliveira impressionou aos seus entrevistadores pela lucidez de suas colocações e, especialmente, memória incrível, lembrando detalhadamente de nomes e fatos de sua longa vida (estará completando 87 anos no dia 13 de junho). Filho de fazendeiros, aos 17 anos já assumia os negócios de uma das propriedades de sua família, em Palmas - no início do século. Ao longo de uma vida identificada com o Paraná, especialmente Guarapuava, Lustosa acabou sendo nomeado prefeito daquele município e, após a redemocratização, cumprido três legislaturas como deputado estadual. Espírito conciliador, do integralista nos anos 40 e pessedista, foi amigo pessoal do interventor Manoel Ribas e dos governadores Moyses Lupiom - que admira profundamente e Bento Munhoz da Rocha neto, com o qual mesmo sendo opositor partidário, sempre teve excelente relacionamento. xxx Lustosa é também um dos pioneiros da imprensa no Interior. Em 1919 fundou "O Pharol", jornal que editou por dez anos - e cuja coleção completa conserva até hoje, paralelamente a outros jornais que também criou - como "Alvorada" (1920), "Correio do Oeste" e "Folha do Oeste", cujo primeiro número saiu em 22 de agosto de 1937 e que continua a ser publicado em Guarapuava. Dono do primeiro cinema de Guarapuava - o Santo Antônio (que sucedeu ao teatro, aberto no final do século passado), Lustosa foi também dono da primeira rádio da região Oeste - a, Difusora, fundada com o pioneiro Sebastião Loris Machado. Articulista dedicado - assinava suas crônicas como João do Planalto - Lustosa tem vários livros publicados - desde os discursos na Assembléia ("Na Tribuna Parlamentar", 143 páginas, 1951), até reminiscências - "Passos de uma Longa Caminhada" e "Do Meu Canto, Recordações de Outro Tempo", além de "Monumento a Guairacá" (1978, 93 páginas), no qual conta sobre a construção da edificação da estátua ao índio Guairacá, em Guarapuava - um dos dois monumentos que fez (o outro é o Cristo de 25 metros e 50 toneladas), inaugurado há 13 anos, na Serra do São Luiz do Purunã, em sua fazenda - na qual, aliás, passa maior a parte de seu tempo. xxx O depoimento de Lustosa de Oliveira soma-se aos muitos outros que este Projeto Histórico, registrado em vídeo, vem preservando, com a palavra viva dos paranaenses que contribuíram para o nosso Estado. Um trabalho marcante que, em boa hora, foi reiniciado com patrocínio do Bamerindus. A preciosa coleção de jornais editadas por Lustosa de Oliveira, que preserva cuidadosamente, necessita ser microfilmada pela Biblioteca Pública - que, por certo, não deve contar com estes jornais em sua secção de Documentação Paranaense. Aliás, mais do que nunca a BPP necessita de uma verba especial para prosseguir a microfilmagem de jornais e periódicos editados no Paraná, que se estão perdendo. Nunca é demais lembrar que no incêndio do Templo das Musas perderam-se já preciosas coleções.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
11/03/1988

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