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Aramis

Luz, o parceiro de Aldir, e por onde andará Juan?

Um dos mais interessantes discos independentes lançados naquilo que se pode chamar de a "última safra" - final de 1988, princípios do ano passado - foi o elepê de Moacyr Luz. Parceiro de Aldir Blanc, Luz ganhou a força do amigo para um disco gravado nos estúdios Master, Rio de Janeiro (dezembro/87/88), selo Acre (fone 021-208-0428), mostrando um punhado de músicas esplêndidas, arranjos esmerados e participações muito especiais. Assim, a Leni Andrade está em "O Aquário", num arranjo (a teclados) de Fernando Merlino, que redimensiona esta belíssima música; já o violonista Hélio Delmito da um toque especial a "Todos os Mares", enquanto Sivuca, no acordeon, enriquece "Tua Sombra". A voz de Moacyr - dolente, suave - se destaca em faixas como "O Mar no Maracanã", "Mulher de Capricórnio" (nesta também fazendo o violão), "Quatro Tempos", "fundamental", "Rubra Paixão" e "Meu Impasse", como as demais, parcerias com Aldir Blanc. Um disco-documento notável por trazer um autor de vigor, mostrando suas composições lamentavelmente num trabalho que é asfixiado pelo selvagem sistema de distribuição de trabalhos alternativos. Este mesmo problema - falta de divulgação/distribuição - condenou a um precoce esquecimento os dois discos de um intérprete chamado Juan, lançado pela Tataira Produções e Assessoria (Rua Herculano, 404, CEP 01257, São Paulo, se alguém quiser tentar um contato). Gravado originalmente com patrocínio da Mesbla (bons tempos da Lei Sarney), "Onde Vamos Parar?", mostrou o lado de Juan (desconhece-se maiores dados a seu respeito), interpretando canções de novos autores (Carlos Alberto Tavares, Jota Maranhão, Delphino Gonçalves, etc.), mas ao lado também de uma parceria de Maurício Tapajós / Casaco ("Falando de Cadeira"). Um segundo elepê, "Cheiro de Mudança", confirmou seus méritos de intérprete, com um repertório mais conhecido - Chico Buarque ("Caçada"), Gonzaguinha ("A Felicidade Bate à Sua Porta"), Milton Nascimento ("Notícias do Brasil"), etc. O que teria acontecido a este Juan da MPB? Após estes dois discos, não houve mais notícias a seu respeito. Será que aumentou a legião de talentos que se frustraram precocemente com o comercialismo e a falta de oportunidade de nossa vida artística?
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
25
15/07/1990

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