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Aramis

Magal, Agepê, Burnier & Cartier

Só as 3 horas da madrugada de ontem é que Sidney Magal, 24 anos - a serem completados no final do mês, dois compactos simples e um elepê - suficientes para torná-lo um novo ídolo de consumo junto as faixas das classes "b" e "d" do público feminino, entre 13/20 anos - pôde descansar por algumas horas. Às 8,30 horas de quarta-feira, já barbeado e apresentando ótima disposição, começou a percorrer as lojas de discos da cidade, acompanhado de Roberto Berro, representante regional da Phonogram e da divulgadora Célia Regina Vaz, última etapa na maratona de 48 horas, desenvolvida em Curitiba. À tarde, no Rio, gravaria um número para televisão e hoje, em Porto Alegre, reinicia todo o esquema. *** Quem acredita que a época das macacas-de-auditório dos anos 50, Rádio Nacional, com Cauby Peixoto, Emilinha e Marlene sendo literalmente atacados pelas fãs histéricas, já passou, teve uma prova em contrário com a passagem de Sidney Magal (na verdade Sidney Magalhães, primo em segundo grau, lado materno, do poeta Vinícius de Moraes) por Curitiba. Pois, como a "Tribuna do Paraná" registrou em sua edição de ontem, houve necessidade de até intervenção da polícia na tarde de autógrafos do cantor, na Rádio Universo. A confusão foi tanta que a divulgadora Célia Regina Vaz acabou desmaiando e o próprio Berro, em sua fortaleza de 1,80m e o 99 quilos, chegou a assustar-se com o entusiasmo das fãs: "Se não fosse a presença de policiais a situação teria ficado grave". *** O fotógrafo Emilson Pohl, 19 anos, especialista em documentar entusiasmo de platéia jovens - principalmente na área do rock, fez uma bela cobertura do delírio das Fãs de Sidney Magal, material que, possivelmente, a Polydor utilizará nacionalmente, para "comprovar o sucesso de seu novo ídolo. Tendo feito um primeiro compacto em 1971, na CBS, com uma das versões de "Love Story' (Francis Lay), Sidney passou dois anos na Europa, para onde foi acompanhando um grupo de balé, do qual se desligou e continuou, com a cara e a coragem. De volta ao Rio, em 1973, cantava em churrascarias até que a Polydor, preocupada em encontra um substituto para Odair José - que passou para a RCA Victor - decidiu contratá-lo. Mas o sucesso demorou e só aconteceu com a insistência do produtor (argentino) Roberto Levy: "Se Te Encontro Com Outro Eu Mato", versão de um sucesso argentino, vendeu 100 mil cópias, mesmo número que já atingiu o seu elepê - carro chefe das vendas da Phonogram neste primeiro semestre. E uma prova de que apesar de todas as mudanças sociológicas, ainda há publico para rasgar as camisas de seus ídolos. *** A Continental também acredita no Marketing fonográfico e assim já está fazendo um trabalho promocional para o próximo lançamento do terceiro elepê de Agepê distribuiu um compacto com "Jeito de Felicidade", especialmente para as rádios cativarem esse novo sambão-jóia, na mesma linha da fácil comunicação dos sucessos anteriores de Agepê (Antônio Gilson Porfirio) e de seu parceiro Canário. Os dois primeiros lps de Agepê serão lançados na França Bélgica, Holanda, Argentina, Itália e Uruguai. Uma prova de que o sambão de Agepê continua a render dividendos é que com as ótimas vendas de "Menina de Cabelos Longos", foi convidado para fazer o show de encerramento do VII Festival Internacional da Canção de Buenos Aires, ao lado de astros como as nortes-americanas "The Supremas" - e que coincide com a inauguração do sistema a cores da televisão argentina. *** E falando em música, ainda: com um estilo totalmente diferente de Magal ou Agepê, a dupla Burnier & Cartier, chega hoje a cidade, para temporada de 3 dias (sexta-feira a domingo), no Paiol. Violinista e compositores - além de interpretar de suas músicas, a dupla já fez dois elepês (RCA e Odeon), que embora não tenha chegado as paradas de sucesso, lhes fez merecer o respeito da crítica e público mais exigente. Um trabalho de alto nível, de prestígio - e que faz com que Burnier & Cartier mereçam ser prestigiados nesta temporada. FOTO LEGENDA- Agepê & Canário Como estamos numa época de "transas" parapsicológicas, com arautos do sobrenatural ganhando fortunas em cursos e conferências e livros a respeito esgotando edições, os cineastas tupiniquins também se voltam ao gênero" "Excitação' de Jean Garret - pseudônimo de José Antônio da Silva (cine Vitória, a partir de amanhã; cine Rivoli, a partir de segunda-feira) e "A Noite dos Assassinos", de Jece Valadão (cine Lido, a partir de amanhã), misturam o policial ao sobrenatural. Em ambos, com pitadas de seco, garantido pelas presenças bem desnudas de atrizes como a glacial Kate Hansen, Zilda Maio (na verdade, Zilda Sedenho) e a deliciosa Vera Gimenez. Zilda e Jean (José Antônio da Silva) Garret estão, aliás, na cidade, promovendo "Excitações"- que, em seu lançamento em São Paulo, foi recebido com simpatia por alguns setores da crítica. A experiência desenvolvida pelo IPPUC, com coordenação do arquiteto Rafael Dely, no sentido de transferir as famílias da favela do Capanema para as Vilas Camargo (60moradias), Hauer (38), Xaxim (61), Jardim Paranaense (1000) e Tapajós (51), traz muitos dados a serem estudados nos próximos meses, por sociólogo e mesmo psicólogo voltados ao comportamento social. Um dos primeiros resultados práticos foi o observado no Grupo Escolar Omar Sabbag, onde foi formada uma turma de alunos com crianças vindas da antiga favela do Capanema, cujas famílias foram transferidas em janeiro, na primeira etapa do plano. Fazendo um trabalho sobre a cidade de Curitiba, as crianças fixaram-se em comparar as vidas que levavam na favela e, agora, nas novas casas - minúsculas e modestas, mas oferecendo o mínimo conforto. E, em todos os desenhos, aparecem crianças no banheiro - um ambiente novo em seus universos, que parece impressioná-los sobremaneira.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
09/06/1977

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