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Magella mostra como se fotografa com a sucata

No momento em que a fotografia entra em evidência graças a semana de eventos idealizada e organizada pelo profissional Alberto Viana ("Baiano"), com exposições, workshops e outros eventos que se espalham por vários espaços da cidade, é hora de se falar do trabalho sério e dedicado que um dos melhores profissionais do Paraná vem realizando no mais completo anonimato. Geraldo Magella Vermelho, 43 anos a serem completados no dia 23 de agosto, mineiro de Palma, mas há mais de 30 no Paraná, vem desenvolvendo com recursos próprios, em seu estúdio-residência um projeto que deveria merecer apoio oficial se, da parte da Prefeitura houvesse real interesse em levar aos badalados CIEPS que a administração lerneana vem implantando com tanto alarde, atividades extra-curriculares realmente originais. Trata-se da Oficina de Fotografia Estenopeica, um método de fotografia dos mais econômicos pois utiliza como câmara qualquer caixa que possa ser obscurecida (latas de leite em pó, azeite, caixas de sapato, etc.). Permitindo resultados imediatos, utilizando material de sucata e ao mesmo tempo transmitindo aos participantes - que podem ser tanto crianças como adultos - noções de física e química, possibilitando também a discussão de trabalhos com conceitos artísticos. xxx Homem de preocupação social - prova é que teve um passado de lutas sociais e sindicais, que o levou a cumprir um longo exílio em países da América do Sul e Europa a partir de 1968 - Magella preocupou-se com o fato da fotografia ser um hobby só permitido a pessoas de alta renda e, montou aquilo que define como a Oficina de fotografia Estenopeica, explicando: "É uma oportunidade para que especialmente a criança conheça, compreenda e se envolva com o processo. Ela mesma constrói a sua máquina de fotografia, participa do processo de revelação e cópia e vê, no mesmo instante, o resultado de seu trabalho: a foto." Assim, num trabalho de custo mínimo - o mais difícil é conseguir o papel - torna-se possível fazer em forma de lazer que a criança ganhe percepção da química, da física, da ação da luz, do espaço visual, da distribuição da imagem. Por sua modéstia e mesmo timidez, Magella, fotógrafo da assessoria de imprensa da Secretaria da Saúde e que, como profissional das imagens tem excelentes trabalhos, não esconde que gostaria de poder desenvolver este projeto junto a várias escolas da cidade. Tem boa vontade, know-how e precisa apenas receber as mínimas condições para despertar numa geração emergente possíveis talentos para a fotografia. Diz: "Além de sensibilidade e criatividade, as oficinas Estenopeicas necessitam somente de "equipamentos" de sucata, filme ou papel e um pouco de química de revelação. Afinal, a produção de uma só foto é algo qual atrai muito, especialmente as crianças, que têm possibilidade de desmitificar esta arte, trazendo-a ao seu alcance. LEGENDA FOTO: Magella: uma oficina para despertar nas crianças o amor pela fotografia. (Foto Carlos Sdroyeski)
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
20
08/06/1991

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