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Aramis

Mais um cult-movie é "queimado" no Bristol

Fany Lerner, mulher inteligente e elegante, que ao lado de seu marido, o arquiteto e ex-prefeito Jaime Lerner, não deixa que compromissos sociais (e políticos) a façam perder os melhores filmes, preferindo a tela ampla do que o vídeo, queixa-se da falta de opções inteligentes nas férias quando a programação é reduzida ao QI imposto ao público infantil. Fany tem toda razão de reclamar. E tem razão quem lamenta em Curitiba, cult-movies que no eixo Rio-São Paulo se mantém meses em cartaz, sejam destroçados em péssimos lançamentos. Assim aconteceu, há meses com "Ao Redor da Meia Noite", de Roland Tavernier, repetiu-se com "Daunbai-lô", de Jim Mamurschi (que tinha todas as condições de atingir o público jovem) e confirmou-se com "Nunca Te Vi... Sempre Te Amei" ("84 Charing Cross Road"), de George Fenton - não só uma das obras mais delicadas da história do cinema - e um hino de amor e amizade, ao entendimento e ao amor aos livros. Coincidentemente, a imprensa nacional está abrindo grande espaço para "84 Charing Cross Road", que continua em exibição no Rio/SP, motivada pela edição do livro do autobiográfico que originou o filme (e que havia antes se transformado em peça de teatro, agora editado no Brasil) e a edição de sua belíssima trilha sonora (George Fenton, edição da SBK), motivo mais do que suficiente para renovar o interesse de uma platéia sensível e inteligente por este filme que saiu de cartaz na quarta-feira do Bristol, onde foi visto por um público mínimo. Chico Alves poderia se penitenciar das bobagens que vem fazendo na programação dos cinemas da Fucucu (prejudicando, inclusive, ciclos de filmes estrangeiros) e determinar ao seu lugar tenente, o Geraldão Pioli, a conseguir do Lourival, da Colúmbia, uma cópia para que "84 Charing Cross Road" voltasse ao cartaz, no Ritz ou Luz - pois tem todas as condições de faturar alto. Basta saber promovê-lo, pois é um filme notável. A propósito, no circuito das reprises da Fucucu, retornam três bons filmes "Toda Uma Vida" ("Toute Une Vie"), de Claude Lelouche - para muitos até melhor do que "Retratos da Vida", no Groff; "Meus Caros Amigos", de Mário Monicelli no Luz e "Era Uma Vez na América", no Ritz.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Seção de Cinema
8
01/07/1988

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