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Maria Cristina, a executiva cultural

Professora, com formação na área de antropologia e filosofia, tendo exercido o magistério, vários cursos no Exterior, mulher refinada e inteligente que, em viagens pelo mundo aprendeu a valorizar a arte e a cultura, Maria Cristina Vieira há três anos, modestamente, fez de uma pequena galeria de arte na rua Dr. Pedrosa um centro cultural que, proporcionalmente, fez mais eventos que a Fundação Cultural/Secretaria Estadual de Cultura. Exposições, cursos, debates (por exemplo, uma memorável mesa redonda sobre "O Nome da Rosa", quando o filme baseado no best-seller de Umberto Eco aqui foi lançado), mostraram em Maria Cristina uma executiva cultural de maior pulso. Nada mais natural, portanto, que seu irmão, José Eduardo, presidindo um conglomerado financeiro que há anos vem prestigiando promoções culturais, a convencesse a assessorá-lo diretamente. Com inúmeros projetos desenvolvidos pela diretoria de marketing que com tanta eficiência Sérgio Reis ocupa há anos, execução através da Umuarama, faltava, entretanto uma coordenação exclusiva de projetos - já que a parte de comunicação e publicidade, ocupa a maior parte do tempo do seus executivos. Assim, agora é Maria Cristina Vieira, com sua organização, experiência e visão ampla, num trabalho conjunto a Sérgio Reis - e diretamente antenada à diretoria do terceiro maior banco do Brasil, é que vem estudando, criteriosamente, os inúmeros projetos que diariamente chegam em busca de patrocínio. Mesmo com toda a generosidade e boa vontade, seria impossível a uma única organização financeira atender a todos os projetos que buscam recursos. Funcionando em escala nacional, tendo que sentir as características de cada região, o Bamerindus - assim como outras organizações que vêm assumindo um mecenato cultural - tem que agir com prudência e segurança em suas opções. Sem querer criar estruturas caras, ao contrário, buscando formas agéis e funcionais de atingir seus objetivos, a reestruturação do setor começa a dar bons resultados. *** De 4 a 17 de março, Maria Cristina estará em Nova Iorque, na coordenação do grande festival de música instrumental que marcará o lançamento do selo Som da Gente no maior centro musical do mundo. Um projeto destinado a dar o empurrão para a nossa MPB, já em alta nos EUA, ter o arranque definitivo - com bases mais sólidas do que foi a improvisada (e amadorística) entrada da Bossa Nova, a partir do concerto no Carnegie Hall, em 21 de novembro de 1962 - e que só deu certo pelo talento dos participantes. As redes nacionais de televisão, imprensa nacional já começaram a divulgar o Festival (dias 11 e 12, Tower Hall), cujos ingressos, até a última terça-feira, estavam 60% vendidos. Há uma explicação para este prévio sucesso: a competência do casal Walter Santos e Teresa Souza, donos do Nosso Estúdio e da etiqueta Som da Gente, que em 11 anos conseguiram formar um acervo de tamanho nível de qualidade que o natural mesmo é agora partir, agressivamente, para levar a música de nossos compositores-instrumentistas (eventualmente alguns vocalistas) para todo o mundo. O Bamerindus, que teve muitas de suas premiadas campanhas valorizadas pelo talento de Walter e Tereza e sua equipe, dá agora o patrocínio que faltava para a grande empreitada. *** Como aqui noticiamos anteriormente, um time dos melhores instrumentistas brasileiros - todos também compositores - foi selecionado para participar dos dois shows. Sem dúvida, a estrela maior é Hermeto Paschoal, 53 anos, que há mais de uma década já é um nome famoso nos EUA. Agora, com seu primeiro álbum duplo, solando piano acústico ("De Todas as Maneiras"), considerado a melhor produção instrumental de 1988, Hermeto inverte o processo: durante anos seus discos eram produzidas por pequenas etiquetas americanas e dificilmente chegavam ao Brasil. Fez agora um álbum numa etiqueta independente do Brasil que, em CD, tem um maciço lançamento coast to coast, amparado por uma acolhida das mais simpáticas dispensada pela crítica americana - que recebeu o seu álbum, assim como um CD, com faixas de vários outros artistas que estarão em Nova Iorque, especialmente preparado para esta ocasião de nossa música no Exterior.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
26/02/1989

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