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Aramis

Marie, um hino à coragem feminina

"Tenso, vibrante, dramático, comovente: este é um filme a que se assiste na ponta da cadeira, do começo ao fim". Normalmente econômico e até ácido em seus elogios, Edmar Pereira, 43 anos, crítico do "Jornal da Tarde" - dono de um dos textos mais elegantes da imprensa cinematográfica, não fez por menos: enalteceu "Marie" (Marie, A True Story), quando de seu lançamento em São Paulo, há seis meses. Edmar - como outros críticos - souberam reconhecer os méritos deste filme político, corajoso e atual, estabelecendo paralelo inclusive com o magnífico "A História Oficial" pois ambos não recorrem a ficção mas a realidade. "Marie" fala sobre uma personagem real, Marie Ragghianti, mulher que aos 22 anos e com três filhos pequenos se separa do marido que a espancava habitualmente e que menos de 15 anos mais tarde arrisca segurança, carreira e família numa briga contra o governo. Marie cursou a Vanderbilt University enquanto enfrentava dificuldades para sustentar-se e a sua família. Marie aprendeu, assim, o significado da palavra coragem. Aos 32 nos, graduada, ganhou força para enfrentar as dificuldades. Foi na Faculdade que Marie conheceu Eddie Sisk, então advogado do candidato ao governo Ray Blanton. Após a eleição de Blanton, Marie conseguiu trabalhar no Estado, responsável pelas extradições estaduais. Em 1976, sua ambição, sabedoria política e trabalho árduo lhe dão a honra de tornar-se a primeira mulher da cúpula do Conselho Estadual de Indultos e Livramentos Condicionais do Tennessee. Nesta função, Marie descobriu negócios sujos, com vendas e negociatas de indultos, atenuações de penas e processos de clemência para condenados, com políticos e organizações criminosas. E, corajosamente, se dispôs a lutar contra esta corrupção, enfrentando as maiores pressões. Foi a incrível semelhança da estória de Marie Ragghianti com aquela de Frank Sérpico, o policial incorruptível da polícia novaiorquina, que convenceu o autor Peter Maas ("Sérpico", levado ao cinema por Sidney Lumet) a escrevê-la. Dino de Laurentis que já havia produzido três filmes com roteiros de Maas ("Sérpico", "The Velachi Papers" e "King Of The Gy The Cypsues") também apostou na estória de Marie, universal em seu sentido de coragem e denúncia. "Marie" foi filmado na Carolina do Norte, com algumas tomadas no Tennessee, onde se passa a história. A busca da veracidade foi ao ponto de serem usados ambientes reais como o State Capitol Building, em Nashville e a prisão estadual do Tennessee. Além disso, alguns personagens foram interpretados por personagens que vivenciaram este drama. Fred Thompson, advogado real de Marie no processo contra o governador Ray Blanton, por tê-la demitido quando de suas denúncias, representa a si próprio, assim como muitos jornalistas e três outros advogados. LEGENDA FOTO - Sissy Spacek e Jeff Daniels em "Marie - Uma História Verdadeira". Excelente estréia em exibição no Cinema I.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Cinema
15
06/03/1987

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