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Marlos homenageia Cecília Meireles em sua nova obra

Assumindo pela segunda vez a presidência da Pró-Música, entidade da qual foi uma das fundadoras em 4 de abril de 1962, a pianista Maria Leonor Mello tem muitos e belos projetos. Apesar da situação dificílima em que se encontra a instituição (especialmente devido a divergências da antiga diretoria, que levaram a renúncia compulsória da ex-presidente Maria Amélia), a pianista Maria Leonor, com seus bons contatos nacionais e acreditando num indispensável apoio não só de instituições oficiais mas, principalmente, da iniciativa privada, acredita que a Pró-Música poderá voltar aos bons tempos em que era a mais atuante entidade musical do Paraná. Um dos projetos iniciais é fazer um concerto com a Orquestra de Câmara de Blumenau acoplada ao excelente Madrigal que, com o maior entusiasmo, o compositor e maestro, José Penalva, vem dirigindo há anos. No ano passado, em Blumenau, já houve um concerto da orquestra, regida por Norton Morozowicz, e do Madrigal, com o "Messias" de Haendell, que foi um sucesso imenso. xxx Uma das idéias que a diretoria da Pró-Música deverá apreciar numa de suas próximas reuniões é incluir como parte da programação para 1990 um concerto com peças do compositor Marlos Nobre, cujos 50 anos de vida mereceram, ao longo deste ano, várias comemorações em várias capitais e no Exterior - exceto no Paraná, onde, numa omissão lamentável, esta efeméride foi esquecida. Aliás, o encerramento oficial das comemorações dos 50 anos de Marlos Nobre ocorreu há duas semanas (15 de dezembro, sexta-feira, Sala Cecília Meirelles, RJ), quando o maestro Nobre dirigiu a Orquestra Sinfônica Brasileira regendo suas obras "Abertura Festival", "In Memoriam" e "Convergências" e foi solista ao piano da estréia mundial absoluta, de sua nova "Concertante do Imaginário" - para piano e orquestra, baseada em poesia de Cecília Meirelles, composta entre abril a outubro deste ano, em comemoração a reabertura da Sala Cecília Meirelles e dos 50 anos do autor. xxx Aplausos e críticas consagraram a nova obra. Eurico Nogueira França, o decano dos críticos musicais brasileiros, escreveu: "É Marlos Nobre o expoente que ora aos 50 anos atinge a maturidade, da geração de compositores brasileiros surgida na segunda metade deste século. É o elo de uma evolução musical criadora que se processa no advento da Semana de Arte Moderna de 1922, quando Mário de Andrade prega não só o nacionalismo mas a sua própria superação. É Marlos Nobre a resposta da sua geração ao fervilhar de forças criadoras que desde Villa-Lobos germinavam e se expandiam no Brasil. Marlos Nobre passa a limpo a nossa música nacionalista. No entanto ele está longe de se limitar à música brasileira e não tem fases cronológicas que o situam ora no setor nacionalista, ora no universalista. Ao contrário, essas tendências se encontram interpenetradas. Sua brasilidade, embora profunda, é via de regra sofisticada. As obras de Marlos Nobre vão da brasilidade renovada em termos musicais à mais ampla e eloqüente universalidade. Seu catálogo reflete a diversificação do grande talento em obras instrumentais e vocais de perfeita originalidade de concepção, que lhes atestam a pujança, e competência e o refinamento da técnica, a serviço de uma imaginação de horizontes ilimitados. Estamos diante do nosso maior compositor da segunda metade deste século - e agora já não se trata de testemunho direto, como no meu caso, mas sim de um consenso internacional que se forma em torno de sua arte, Marlos Nobre tornou-se hoje sem dúvida, o compositor brasileiro da atualidade de maior sucesso fora do país. Chega ao limiar da maturidade física e se despede da juventude com uma riqueza de enormes perspectivas criadoras, uma vez que ele não é desses autores que se acomodam com os êxitos conquistados. LEGENDA GRAVURA - Marlos Nobre, 50 anos, consagrado como o maior compositor erudito da segunda metade deste século, nas palavras do crítico Eurico Nogueira França.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
29/12/1989

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