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Aramis

A melhor música com a Gewandhaus e Mauriat

Depois do belíssimo - e único espetáculo da melhor música popular brasileira - "Os Caymmi em Concerto", a semana terá duas grandes orquestras no Guairão. [Amanhã], inesperadamente - o empresário paulista Marcos Lázaro, que, como sempre, só se decidiu a incluir Curitiba em cima da hora, prejudicando a divulgação, ali estará a orquestra de Paul Mauriat, um dos mais conhecidos regentes da atualidade. Já na quinta-feira, 24, a Gewandhaus Orchester, de Leipzig, sob regência de Kurt Masur, numa promoção que só se tornou possível graças a soma dos esforços da Pró-Música e Fundação Teatro Guaíra, devido ao alto custo da produção: US$ 25 mil dólares. Paul Mauriat esteve no Brasil já algumas vezes - há três anos, passou um dia em Curitiba, junto com sua esposa, promovendo um de seus 27 discos que a Polygram lançou até hoje em nosso mercado, sempre com imenso sucesso. Agora, motivado pela realização de um terceiro elepê exclusivamente com músicas de autores brasileiros, Mauriat trouxe 18 músicos estrangeiros, de sua orquestra, que somados a 21 brasileiros, iniciou dia 11, no Anhembi, uma temporada, que prossegue amanhã em Curitiba, num único concerto, inclui duas noites no Hotel Nacional (24 e 25) e encerra dia 26, em Sorocaba, SP. Pianista, arranjador e maestro, Paul Mauriat conseguiu encontrar um estilo suave e agradável, fazendo com que suas gravações tenham aceitação em todo o mundo a partir dos anos 60. Numa época de tanto "hard sound", onde o eletrônico substitui o acústico, as cordas bem arranjadas por Mauriat, um pianista de toques precisos, faz com que todas as músicas que seleciona seus discos - ou apresentações da orquestra, produzam uma grande sensação de paz e encantamento. Sobre a [Gewandhaus] Orchester, de Leipzig, basta dizer que se trata de uma das melhores do mundo, o que entusiasmou o engenheiro Eduardo Garcez Duarte, presidente da Pró-Música, para fazer todos os esforços e conseguir a sua apresentação em Curitiba. Com mais de 100 músicos do primeiro nível, um repertório clássico, a [Gewandhaus] vindo a Curitiba dá prosseguimento à política que a PMC traçou há 17 anos, quando foi fundada por um grupo de entusiastas - e que teve em Aristides Severo Athayde seu primeiro presidente - em proporcionar grandes espetáculos. Quando um medíocre show com um cantor como Roberto Carlos tem ingressos a Cr$ 800,00 e seus empresários fazem exigências ridículas (como há de que nos camarins fossem colocados litros de uísque, dezena de dúzias de cerveja e até um vaso com cravos vermelhos e brancos para "o Rei"), é admirável sentir o profissionalismo e a seriedade da orquestra de Kurt Masur: exceto o cachet - alto sem dúvida, mas há de que se considerar a qualidade dos músicos, a tradição da orquestra, seu deslocamento da República Democrática da Alemanha etc. - nada mais é imposto. Kurt Masur considera Norton Morozowicz, 35 anos, curitibano, um dos melhores flautistas do mundo e, oficialmente, já o convidou para se integrar, na hora em que ele desejar, na Gewandhaus Orchester, de Leipzig. Primeiro flautista da Sinfônica Brasileira - atualmente em sua temporada comemorativa aos 40 anos - Norton vai tentar vir a Curitiba, 5ª feira, para assistir a apresentação da Gewandhaus. De momento, não pensa em aceitar o convite para se transferir ao Exterior. Gostaria, mesmo, é de ficar aqui, ser prestigiado em sua terra. Aliás, lembramos mais uma vez: dia 24, Thadeo Morozowicz, mestre e pioneiro da dança no Paraná, completa 80 anos. É injusto que não haja nenhuma homenagem oficial a um homem que dedicou toda sua vida a esta arte no Paraná e hoje tem seus filhos no Exterior, promovendo o nosso Estado: com uma magra bolsa de estudos (8cada vez mais apertada devido a inflação), Henrique Morozowicz - que assina suas composições como "Henrique de Curitiba", faz doutorado na Cornell University, e Milena viaja hoje para Montevidéu, onde o seu grupo representará o Brasil, no Encontro de Dança do Rio da Plata. Milena e três discípulas - Clionise de Barros, Maria do Rocio Infante e Maria Elisa Chueire - ali estarão, na noite de 24, no auditório da Aliança Cultural Uruguai-Estados Unidos, fazendo dois números: um sobre "três peças conseqüentes de Henrique de Curitiba" e um improviso, dentro de uma técnica que Milena vem desenvolvendo - e que levou a ser escolhida, pela coreógrafa Helba Nogueira, presidente do Conselho Brasileiro de Dança, a representar o Brasil no encontro de Montevidéu. LEGENDA FOTO : Juurt Masur: convite
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Música
6
20/04/1980

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