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Aramis

Memória em 35 mm

TRÊS jovens, dedicadas e honestas pesquisadoras do cinema brasileiro - Solange Straube Stecz, Clara Satiko e Celina Alvetti - foram escolhidas, por unanimidade, para dirigirem o núcleo do Paraná do Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro. Foi no sábado, 15, na Cinemateca do Museu Guido Viaro, com a presença do professor José Tavares de Barros, da Universidade Federal de Minas Gerais e presidente do CPCB. Com esta escolha feliz, evita-se que o núcleo regional do Centro de Pesquisadores venha a ser utilizado em favor de pessoas interessadas em obterem lucros e promoção pessoal, a guisa de um discutível "trabalho em favor do cinema brasileiro". Ao contrário, Solange, Clara e Celina estão preocupadas com a pesquisa e preservação de nossa memória cinematográfica - que necessita, urgentemente, de muito fosfato. xxx A vinda de José Tavares a Curitiba motivou a uma especial sessão na Cinemateca, com a projeção de fragmentos de três filmes realizados pelo pioneiro mineiro Higino Bonfioli (1894-1954) : a visita do Rei Alberto a Belo Horizonte (1919), "A Canaço da Primavera" (1923) e "Tormenta" (1930). xxx Exibidos também dois cine-jornais por Aziz Bechara, na Metrópolis Filmes, de São Paulo (que está merecendo ensaio de Solange Straube) e outro, feito por Gilberto Rossi, em novembro de 1951, documentando uma visita do então governador Bento Munhoz da Rocha Neto e Cornélio Procópio. xxx Estes dois documentários, pertencentes ao acervo de nossa Cinemateca e já recuperados, mostram como é de se lamentar a perda de dezenas de cinejornais e curtas metragens da Flama, Flag, Biodan Hadlu e tantas outras empresas cinematográficas que durante mais de 30 anos documentaram o Paraná, mas que acabaram tendo cópias e negativos perdidos. Enquanto seus proprietários recebiam milhões de cruzeiros do governo, material filmado era desperdiçado após efêmeras exibições em alguns cinemas. xxx Julio Kruguer, da Guaíra, que a partir de 1964 também faturou muitos milhões do governo do Estado do Paraná em cine-jornais, ao menos tem um mérito: preservou os negativos de tudo que filmou. Só que, até agora, não se dispôs ainda a doar este material a Cinemateca. xxx Talvez agora, entrando no setor de produções de vídeo (em menos de 90 dias já fez quase meia centena de lucrativos comerciais), Kruguer se sensibilize e faça a esperada doação do seu acervo. Seria uma forma de retribuir ao Estado que, durante vários governos, lhe foi generoso e permitiu que formasse uma produtora que só em equipamentos tem hoje um patrimônio de mais de Cr$ 500 milhões.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
20
19/12/1984

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