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Aramis

Mercado editorial cresce em sua qualidade

Além do crescimento do mercado editorial nos últimos anos, também houve uma importante elevação no nível de exigência dos leitores. Assim, obras de qualidade vem sendo cada vez mais requisitadas e não só os autores que permaneciam inéditos entre nós estão alcançando excelentes vendagens, como clássicos também são relançados com ótima aceitação. Exemplo disto é que a Global encarregou a Edla Van Steen, escritora que em sua juventude residiu em Curitiba (aqui chegou a ser até repórter de O Estado, foi vencedora de concursos de beleza e até fez uma ponta no filme "Fronteiras do Inferno", que Walter Hugo Khouri rodou em Foz do Iguaçu há 28 anos passados) a direção da coleção "Histórias Inesquecíveis". Mesmo residindo em Paris - acompanhando seu atual marido, o crítico Sábato Magaldi, Edla vem mantendo a coleção, que agora lançou "Um Homem no Estojo" de Tchekhov (1860-1898), em tradução de Tatiana Belinsky. Nesta mesma coleção, já haviam saído obras de Katherine Mansfield ("Aula de Canto"), Kafka, Gerard Nerval ("Quatro Mulheres"), Eça de Queirós ("Singularidades de uma Rapariga Loura") e E.T.A. Mann ("O Castelo Mal Assombrado"), o mesmo autor de "O Homem da Areia", que a Rocco incluiu agora em sua coleção "Novelas Imortais", dirigida por Fernando Sabino. Falando na Rocco, esta editora homenageia os 30 anos da morte de Bertolt Brecht (Augusburg, 1898 - Berlim Oriental, 1956) com a publicação do romance "Os Negócios do sr. Júlio Cesar" (tradução de Irene Aron, 196 páginas, Cz$ 78,40). Escrito em 1938/39, na época do auto-exílio de Brecht da Alemanha Nazista na Dinamarca, foi concebido na forma de um diário do secretário do imperador romano Júlio Cesar, considerado pelo autor como o "próprio ditador". Baseado nisso, com sua visão marxista, Brecht estruturou o romance com a intenção de mostrar que uma sociedade escravagista acaba por transformar todos os seus cidadãos em escravos. Um dos mais importantes nomes da literatura contemporânea, Alberto Moravia, 79 anos, vem tendo, finalmente, sua obra editada no Brasil. Temos agora o romance "O Homem que Olha" (tradução de Álvaro Lorencini e Letizia Antunes, 176 páginas, Cz$ 87,00). A mesma editora - Bertrand Brasil/Difel, anteriormente também já havia publicado "A Coisa e Outros Contos" e "Contos Surrealistas e Satíricos", além dos "Contos Romanos" e "Novos Contos Romanos". Outro autor italiano que passa a ser editado no Brasil (1908-1966), que por 21 anos viveu em Milão, participando da resistência. Comunista, desentendeu-se com o partido - o que expôs em alguns de seus livros. Agora, sai seu romance mais importante, "Conversas na Sicília" (Editora Guanabara, 222 páginas, Cz$ 78,00). O romance se divide em capítulos bem curtos, cada um deles parecendo um pequeno conto. O narrador está sempre realizando uma viagem, que se torna o tema de seu relato, ao lado das lembranças de diversas épocas de sua vida, sobretudo da infância. Um escritor argentino que Jorge Luís Borges qualificava de "perfeito", Adolfo Bioy Casares, 72 anos, tem o seu romance "A Invenção de Morel" editado no Brasil (Rocco, 128 páginas, Cz$ 51,20). Obra marcante do chamado "realismo fantástico", "A Invenção de Morel" - seu primeiro livro, publicado em 1940 - é uma obra na qual Bioy Casares desenvolve os truques e as técnicas requintadas da fase mais evoluída da ficção científica, utilizando-se com profundidade dos recursos das grande novelas psicológicas, resultando numa trama moderna e perfeita - sacudindo e perturbando a confiança do leitor nos fatos e nos sonhos. O prefácio é de Borges. O tema é fascinante: um condenado à prisão perpétua foge para uma ilha deserta, infestada por uma epidemia desconhecida que ameaça com uma morte horrível todos os que lá ousam desembarcar. Nessa ilha, povoada por seres estranhos e sem comunicação com o resto do mundo, o fugitivo passa pelas mais fantásticas experiências.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
13
29/11/1986

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