Mesmo com a crise há ainda livros de arte
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 04 de janeiro de 1991
A confraria privilegiada de colecionadores de livros de arte sofreu um duro golpe em 1990: o Plano Collor e a conseqüente suspensão da Lei Sarney praticamente congelou a maioria dos projetos que existiam para dar continuidade as edições de livros de arte (sem falar em outras áreas de investimentos) com patrocínios de empresas e instituições. Apesar de alguns poucos projetos terem conseguido concretização - embora bastante reduzidos em suas ambições artísticas - a maioria foi simplesmente para o espaço e inclusive consultorias e agências criadas especialmente para coordenar estas novas atividades também foram fechadas. Mesmo na área oficial, através de secretarias da Cultura, as produções editoriais não só reduziram-se como eliminaram-se produtos mais sofisticados.
Chega a ser surpreendente que a Secretaria da Cultura do Paraná tenha feito duas dezenas de edições de publicações diversas - nem todas do interesse e nível ideal - mas com um extremo cuidado gráfico, graças ao talento e dedicação da designer Teresa Cristina Montecelli, que teve o seu Centro de Desenho Gráfico elevado a condição de coordenadoria. Para os primeiros três meses de 1991 estão previstos mais 30 lançamentos editoriais. Em 1990, dois livros de arte saíram por esta área: "De Colecionismo Graphica", do gravurista Orlando da Silva e o aguardado álbum de fotografias da Ilha do Mel, do inesquecível Helmuth Wagner, que infelizmente não viu em vida seu livro editado. Na área da fotografia, o ex-superoitista e videasta, também fotógrafo, Manoel Luiz Amaral, editou um belo livro sobre o Paraná, reunindo fotos de vários profissionais e texto de Samuel Guimarães da Costa. Em 1989, a área de fotografia havia sido valorizada com os trabalhos de Orlando Azevedo ("Fitas e Bandeiras Venske") e o álbum de fotografias do Paraná coordenado por José Renato ("Tarzã", que passou 1990 tentando viabilizar trabalho semelhante sobre Santa Catarina, ainda inédito.
"A Ilha do Mel", em forma de inspiração para crônicas e poemas, motivou o título do livro do múltiplo (cantor, músico, publicitário, industrial) Paulo Hilário, lançado no final do ano, quase simultaneamente a desova de outro projeto independente - que só teve apoio oficial na etapa final "Carpe Diem", antologia de jovens poetas da cidade, ligados - direta ou indiretamente - ao mecenas (e também poeta bissexto) Sérgio Bittencourt, engenheiro e dono do Habbeas Coppus, que também investiu na produção do interessante elepê "Optimun in Habbeas Coppus". Com capa e coordenação gráfica de Teresa Cristina Moncelli e ilustrações de Jair Meneses e Jackson Ribeiro, "Carpe Diem" (160 páginas, Cr$ 1.500,00) é uma mostra representativa da lírica dos poetas deste final de década.
Já o pesquisador Valério Hoerner Júnior só lançou em fevereiro o seu "Ruas e Histórias de Curitiba", produzido pela Artes & Textos em fins de 1989. Com capa e ilustrações de nosso maior artistas plástico, Poty Lazarotto, o livro tem uma parte especial que nos remete a infância de Poty e toda uma época curitibana: o lendário "Vagão do Armistício", de "seo" Isaac e dona Júlia, pais de Poty e Joãozinho.
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