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Microleitor, o livro agora lido por metro

Um aparelho de extrema simplicidade, utilizando basicamente lentes de binóculos e um carretel, pode revolucionar o sistema e a forma de leitura. Pelo menos, assim pensa o publicitário Victor Ferreira, 48 anos, paranaense de Jacarezinho, que já tem em mãos a patente do Microleitor, invenção que desenvolveu ao longo de dez anos e para o qual busca um sócio disposto a partir para sua industrialização. Durante uma viagem de ônibus em que não conseguia dormir, irritado pelas luzes do veículo terem sido apagadas, Victor Ferreira, sempre um grande leitor, imaginou um aparelho que pudesse aproximar o texto da visão sem interferências maiores. "Uma espécie de headphone visual" diz Ferreira, lembrando, entretanto, que na época ainda os japoneses não haviam lançado o aparelho que trouxe o som stéreo na forma individual e portátil - no maior sucesso de vendas em todo o mundo. xxx Foram anos de pesquisas e desenvolvimento da idéia. Publicitário ligado ao setor de produção gráfica, pesquisou formas de redução de textos e imagens até poder condensar um livro de 160 páginas numa tira de 10 cm de largura por um metro de comprimento. Para a leitura destas microimpressões desenvolveu um visor, com lentes de binóculos que, ajustadas defronte aos olhos, com uma iluminação própria (na sua utilização a noite), possibilita uma leitura com concentração total. "Conforto, concentração e praticabilidade" são três argumentos que contam muito nesta invenção desenvolvida por Victor, que após meses de espera finalmente viu sua idéia devidamente registrada junto ao Departamento Nacional de Propriedade Industrial. xxx A microleitura oferece múltiplos enfoques de atração. Um deles é a verdadeira revolução econômica que poderá trazer ao setor editorial, possibilitando que livros de 160 páginas sejam reduzidos a tiras de um metro, numa economia de 95% no custo do papel - matéria prima que encarece a edição de livros. Tanto para a leitura de lazer - ficção, especialmente - como para obras didáticas (normalmente caras e, no caso das que se destinam aos cursos universitários, importadas muitas vezes), a invenção de Victor Ferreira pode representar uma grande opção. Simpático e modesto, o publicitário faz questão de ressalvar que "a nossa invenção não tem, em absoluto, qualquer intenção de substituir os meios e métodos tradicionalmente utilizados no exercício da leitura, assim entendida como hoje é prática". Acrescenta: - "Seu objetivo é apenas de oferecer uma alternativa, tanto na questão prática como econômica". Assessorado por amigos oftalmologistas, Victor desenvolveu o protótipo de seu microleitor de forma que a leitura seja feita através de uma espécie de "binóculo", com uma distância constante de cinco centímetros, aproximadamente, entre os olhos e o texto, o que garante toda atenção ao leitor, sem as comuns interferências visuais que ocorrem quando se lê de maneira habitual, na qual a distância olhos-textos é variável. De certo modo, a leitura será dinâmica, com maior volume de absorção de informações em menor tempo. A intensidade de luz sobre o campo de leitura também será quase sem variações, seja pela concentração proporcionada pela transparência do binóculo - seja pela interna, quando for acionada uma minilâmpada. O texto pode ser lido panoramicamente, ou seja, como se estivesse a mais de seis metros de distância. - Isto significa - diz Victor - que o Crisalino, músculo ótico responsável pela nitidez de tudo o que os olhos focalizam, estará sempre relaxado, ou em acomodação de descanso, evitando o desgaste visual provocado pela leitura. Como toda nova proposta, a invenção de Victor Ferreira pode parecer estranha ou exótica à primeira explicação. Mas, vendo-se o protótipo e ouvindo suas explicações, pode-se sentir que a mesma tem amplas condições de ser viabilizada. - Para isto só preciso de um sócio, disposto a investir no desenvolvimento do projeto e sua futura industrialização. LEGENDA FOTO 1 - Um aparelho simples, com visor em forma de binóculo, permite a leitura rápida e eficiente: é o Microleitor, inventado por Victor Ferreira.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
13
01/03/1986

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