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Aramis

Morte da memória de nosso ensino

A Memória arquitetônica do ensino privado em Curitiba vai perdendo seus prédios. Há poucos dias aqui registramos a demolição do prédio no qual por mais de 50 anos funcionou a Faculdade de Ciências Econômicas De Plácido e Silva, entre as Ruas Carlos de Carvalho/Cândido Lopes/Voluntários da Pátria. Os tapumes cercam o antigo prédio, internamente já demolido. Na Praça Rui Barbosa, só resta a fachada do Colégio Iguassu, que durante 66 anos ali funcionou. Vendido pela família Parodi para um bilionário libanês, Hussein Hamdar, o prédio ainda foi ocupado nos últimos três anos pelo Colégio Decisivo, mas que se transferindo para outro endereço - liberou-o para ser demolido. E dentro de poucos dias o terreno estará totalmente livre - para receber mais um anônimo, impessoal - mas por certo mais rentável - prédio comercial. xxx Fundado pelo educador Alfredo Parodi (1901-1943) em 1917, o Colégio Iguassu (com dois "SS") foi um marco do ensino particular de Curitiba durante várias décadas - ao lado do Parthenon (há muito já fechado), Novo Ateneu, Americano, entre outros. Após a morte do professor Alfredo, sua viúva - dona Elisabete Parodi, senhora de extraordinário vigor, assumiu sua direção administrativa - mantendo-se até a sua desativação, há pouco mais de três anos - com auxílio de seus filhos Amazonas e Gastão. Pelo Iguassu passaram gerações de curitibanos. Funcionando com vários cursos - mas tendo no técnico-comercial o mais frequentado, o velho colégio hoje é apenas memória. E a propósito de lembranças, dezenas de quadros de madeira, com fotos dos professores e alunos, que durante anos se acumularam em suas paredes estão hoje empilhados numa das salas do curso Decisivo. Generosamente, a família Parodi quis doar estes quadros para a Casa da Memória, que, entretanto não se interessou pelo material. Outras instituições foram contatadas e, não havendo maior interesse, os quadros serão vendidos pela melhor oferta - (afinal foram executados em madeira de lei). E as fotos de professores e alunos, que poderiam servir para enriquecer arquivos ligados a nossa memória (talvez mesmo para um futuro Museu da Educação, que a secretária Gilda Poli poderia ter a sensibilidade de criar) acabarão sendo incinerados. Triste cidade que não tem amor por sua memória!
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
14
13/03/1985

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