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Aramis

A MPB nos anos 60 (V) - os sucessos do bom Agostinho

Em 1964, quando Aloysio de Oliveira convidou o cantor Agostinho dos Santos para gravar um lp na Elenco - ele vinha de um longo contrato na RGE, onde havia feito uma série de lps - "Agostinho Espetacular" (RGE 5033), "Agostinho, Sempre Agostinho" (RGE 5057), "O Inimitável Agostinho" (RGE 5081), "Os Grandes Sucessos de Agostinho" (RGE 5136) e o histórico "Vanguarda" (RGE XRLP 5231) e se firmado como intérprete romântico. O álbum que fez então para a Elenco em pleno apogeu do movimento de efervescência da MPB, após a eclosão da Bossa Nova, foi um dos seus trabalhos mais bem acabados, em que Aloysio de Oliveira convocou o maestro Paulo Moura para os arranjos, que se esmerou nos trabalhos. E Agostinho gravou uma série de músicas modernas, de Baden/Vinícius ("O Canto de Ossanha"), Paulo Sérgio/Marcos Valle/Bigorrilho ("Seu encanto", "Preciso Aprender a Ser Só"), Francis Hime-Ruy Guerra ("Último Canto"), Edu/Vinícius (Arrastão), entre outros. Agora, na reedição de uma série de bons lançamentos dos anos 60, a Phonogram apresenta o volume 5 da coleção "Edição Histórica" (Polyfar, 249522, maio/74) como se fosse aquela gravação da Elenco, a 26ª produzida por Aloysio de Oliveira, inclusive reproduzindo na capa, como um selo de qualidade, o desenho criado por Mello Menezes para a edição original. Mas comparando-se as duas gravações, verifica-se que houve ou um engano da parte da Phonogram - ou má fé pois as faixas incluídas nesta reedição não incluem nenhuma das músicas gravadas por Afostinho em seu lp de estréia na Elenco. Muito pelo contrário, são sambas canção românticas e versões de muito êxito no final dos anos 50, justamente da fase mais próspera de Agostinho na RGE. Considerando-se que ele estreou na Rádio América em 1955, em São Paulo (onde nasceu a 25/4/1932), vindo no ano seguinte para o Rio de Janeiro, onde faria o seu primeiro lp na Polidor, é de se concluir que este disco seja uma reedição de seu primeiro long-play (Uma voz e seus Sucessos), Polydor 4008, ou então de sua fase paulista, na RGE que teria cedido seus direitos a Phonogram. Mas nunca do lp que fez para a Elenco, quando voltou ao Rio há 12 anos - depois de se firmar como cantor romântico nas madrugadas paulistas. Sem nunca ter sido um cantor da linha Bossa Nova - embora tenha participado do Festival do Carnegie Hall, a 21/11/1962, Agostinho sempre foi um intérprete de bom repertório, correto em suas interpretações. Sua morte no acidente da Varig no aeroporto de Orly, França, a 11 de julho de 1973, emocionou o público - que estava meio esquecendo dele nos últimos anos e incentivos a RGE a reeditar um de seus discos, enquanto a Continental - para a qual ele tinha passado recentemente, se apressou a lançar um último compacto que havia gravado. E a estes documentos vem se somar agora este volume 5 da "Edição Histórica", onde estão sem dúvida alguns dos melhores sambas canção da década passada e os sucessos que mais marcaram a carreira de Agostinho. Inicia com a versão "Meu Benzinho" (My Little One) de Howe/Gussin, traduzida por Nazareno de Brito e antecedida de um ridículo recitativo de Walter Forster. Em seguida, o nível cresce com três das melhores músicas de Antônio Carlos Jobim em sua primeira fase: "Eu Não Existo Sem Você", "Se Todos Fossem Iguais a Você" e "Por Causa de Você", as duas primeiras com letras de Vinícius, a terceira com letra de Dolores Duran (1930-1959). Em seguida, uma nova versão, "Só Você" que Júlio Nagib traduziu de "Only You" de Buck Ram/Ande Rand, um nostálgico hit na década de 50. Encerrando esta face do LP, um gostoso samba de Fernando César: "O Amor Não Tem Juízo". Com "Chove Lá Fora", uma das melhores músicas de Tito Madi - mas cuja idéia foi "chupada" de Carlinhos Lyra, Agostinho abre o lado 2 do disco, onde prossegue com "Maria dos Meus Peados" (Jair Amorim/Dunga), "Foi A Noite" (Tom/Newton Mendonça), "Estrada do Sol" (Tom/Dolores Duran) e "Falam Meus Olhos" (Fernando César/Nazareno de Brito), para encerrar com outra versão, esta de Haroldo Barbosa, do tema que Jerome Kern-Oscar Hammerstein criaram em 1954 para o filme "A Última Vez Que Eu Vi Paris", (The Last Time I Saw Paris) com Elizabeth Taylor/Van Johnson/Donna Reed. LEGENDA FOTO - Agostinho
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Jornal do Espetáculo
16
12/06/1974

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