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Aramis

Muita exploração e pouca atenção no turismo em Foz

Se o atendimento aos fregueses nas lojas de Puerto Stroessner já é, tradicionalmente, dos mais rudes, neste mês de julho em que o movimento de turistas aumentou em mais de 500%, a situação atingiu pontos de saturação. Mesmo nas lojas mais bem instaladas - Monalisa, Mundo Eletrônico, Americana, China, etc. - frente as filas imensas de compristas deslumbrados que atravessam a Ponte da Amizade, as vendedoras atendem ao público com a mesma "gentileza" com que os soldados da SS dirigiam-se aos judeus nos campos de concentração. Apesar disto, nunca se vendeu tanto em tão pouco tempo. xxx Para atravessar a Ponte da Amizade, no último fim de semana, havia uma demora de quase duas horas. Centenas de automóveis e ônibus, em imensas filas, aguardando não só a liberação da alfândega, mas, sobretudo, o próprio escoamento dos veículos. Em Puerto Stroessner, as ruas estão congestionadas e mesmo a pé é difícil fazer os curtos percursos que separam as centenas de lojas ali existentes - afora os camelôs que se colocam nas calçadas, oferecendo toda sorte de quinquilharia eletrônica e produtos, na maioria das vezes falsificados. A Monalisa, a empresa mais estruturada de Puerto Stroessner, é também a que está com os preços mais altos. oferece, em compensação, garantia de que não comercializa bebidas e perfumes falsificados. Mas haja paciência para ser atendido (sic) por seus empregados mal-humorados, raivosos - que tratam os clientes como inimigos. xxx Praticamente todos os motéis de Foz do Iguaçu estão bloqueados em sua alta rotatividade. Como única solução para atender centenas de hóspedes que continuavam a chegar na semana passada em Foz do Iguaçu, os grandes hotéis acabaram alugando, por preços fixos, os motéis - destinando-os a famílias. Para compensar a paralisação na rotatividade destes estabelecimentos - entre os quais alguns de alto padrão, dignos de obterem os cinco coelhinhos na classificação do "Guia Palyboy" - os preços também são elevados. entretanto, face ao desespero de conseguir hospedagem, os clientes não se importam em pagar over-price sobre as diárias de hotéis de cinco estrelas e ficarem em motéis, bastante distantes tanto da cidade de Foz como das Cataratas. xxx Distância, aliás, não impede que os turistas façam tudo para chegarem a Foz. Todos os hotéis na região - incluindo pequenas cidades como Céu Azul, Medianeira, São Miguel do Oeste - e, especialmente, em Cascavel e Guarapuava, estão lotados até a primeira semana de agosto. O Deville, 4 estrelas, em Cascavel, vem hospedando quase 300 pessoas por noite, embora sua capacidade seja de 220. Para isto, seu gerente, Enelvo Bertaglia, transformou três salões de convenção em alojamento para motoristas e guias de turismo, já que todas as noites, ali chegam dezenas de ônibus lotados. O Querência, Grand Prix e Copa Verde, outros hotéis de primeira linha de Cascavel, também estão lotados - e as diárias, variando de Cz$ 300 a Cz$ 600 são aceitas sem discussão. Em Foz do Iguaçu, por menos de Cz$ 1.200,00 não se pensa nem em permanecer no hall dos hotéis Bourbon e Internacional. xxx Frente a falta de leitos e, naturalmente também os altos preços, cresce cda vez mais o turismo-farofeiro. Ônibus transformaram-se em dormitórios, acampando onde for possível. O capitão de fragata Carlos Eugenio Maurmann Cardoso, da Capitania dos Portos do Rio Paraná, generosamente, tem colaborado para que muitos ônibus de turismo possam pernoitar com segurança nas imediações da Capitania. Em muitas ruas centrais de Foz do Iguaçu, especialmente nos pontos mais bem iluminados, falta espaço, a noite, para estacionamento dos ônibus de turismo.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
2
27/07/1986

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