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Aramis

Muito lixo em vídeo

Não é sem razão que os donos de locadoras têm que recorrer cada vez mais aos chamados "consultores de vídeo" para fazer suas compras mensais. A multiplicação de distribuidoras que colocam centenas de títulos no mercado e os preços cada vez mais elevados por unidade - hoje entre Cz$ 9 a Cz$ 16 mil - faz com que haja cuidado para não adquirir títulos que não têm o menor atrativo para o público que representam, sequer, trabalhos significativos de arte. Na ganância de entrarem no mercado, distribuidores têm lançado filmes classe "c" e "e", que jamais tiveram exibição comercial entre nós, justamente por serem mediocridades totais e fracassaram mesmo em seus países de origem. Em compensação, há também filmes de arte, premiados internacionalmente, que permaneciam inéditos no Brasil - e que graças ao mercado de vídeo - agora podem ser vistos na telinha. Portanto, tanto os consultores - no Paraná, há dois de competência (Anibal Marques e Roberto Belotti) como os que escrevem sobre vídeo passam a ter uma responsabilidade cada vez maior, não só para seus clientes e leitores, mas em decorrência do próprio mercado - que precisa de muitos títulos, mas com a mínima seleção. Por exemplo, um musical como "Trindade, Curto Caminho Longo", no qual a cineasta Tania Quaresma (hoje radicada em Brasília), levou o som de Hermeto Pascoal, Wagner Tiso, Joyce, Waltel, Egberto Gismonti, Nivaldo Ornelas e outros vários pontos do País, é uma pequena obra-prima que na tela nunca teve lançamento, mas que agora, em edição da Bonasio Vídeo, é o exemplo de produto de classe A, inclusive para presentear amigos no Exterior - em países com vídeos compatíveis ao sistema brasileiro. Em compensação, que interesse pode ter uma mediocridade como "Warkill - Pelotão de Exterminadores" (Poderosa Filmes) ou "Estado de Alerta" (Survivalist), de Sig Shore (Mundial Filmes) recentemente colocados a disposição das locadoras? Para quem aprecia violência explícita, "O Dragão", com Bruce Lee - o mais conhecido lutador de kung-fu (morto em 1973), ainda pode ter seu público, mas em termos de retorno rápido, quem, está sabendo fazer os melhores pacotes é a Columbia, Warner e CIC. Também pudera! Elas estão no negócio há mais de 50 anos e não entraram no vídeo para brincar. (A.M.)
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Nenhum
8
30/06/1988

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