"Muito Prazer", segundo Ítala
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 02 de agosto de 1980
Quando de sua ultima passagem por Curitiba onde veio tratar da estréia nacional de "Santa Joana dos Matadouros", de Bertolt Brecht (projeto adiado, devido a estar filmando "O Homem do pau Brasil", de Joaquim Pedro, em São Paulo), Ítala Nandi estava entusiasmada com o filme "Muito Prazer", que havia concluído há pouco. Dirigido por David Neves ("Memórias de Helena", "Lúcia McCartney), esta fita em exibição no Cine Rivoli (hoje e amanhã somente), tem roteiro de Joaquim Vaz de Carvalho, parceiro de Carlos Moletta em mais de 40 músicas. Juntos produziram o filme, que tem uma atração especial: a participação numa sequência de Nelson Cavaquinho, compositor do maior respeito em nossa MPB. A trilha sonora tem duas músicas da dupla, "Sinal de Vida" (que seria o título original) e "Coração Pivete", cantada por Telma Costa. Pena que, como sempre acontece em prioduções nacionais, não tenha saído sequer um compacto com estas canções. Ítala Nandi, falando do personagem que interpreta - Nadia - diz: "Como numa entrega amorosa, me apaixono por cada personagem que faço.
Se descubro, aprendo e vejo meu mundo complicado com olhos que tateiam no escuro, que são os olhos de Nádia. Incorporei esse personagem dando a ele corpo e sangue e assim deu para sentir com o coração que ela vive rodeada de vazios, desconfianças, uma vida com destino marcado pela lei do "não". Nádia perdeu a memória de seu sentido total pelo vazio do amor. Como a um cabide, ela pode livremente pendurar-se a alguém por um "muito prazer" temporário. As Nádias estão soltas por aí, em todo canto, se procurando ou não, cada uma a seu modo - nesse momento cheio de feridas abertas".
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