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Aramis

Muitos eventos e pouca competição

Professor de cinema da Universidade de Brasília e cineasta calejado em festivais, Pedro Jorge de Castro, 45 anos - e que apesar de ser o seu longa de estréia "Tigipió - Uma Questão de Amor e Honra", premiado com o troféu Pierre Kast no II FestRio, ainda não conseguiu lançamento deste belo filme - ao assumir a direção técnica do II Festival de Fortaleza do Cinema Brasileiro, decidiu modificar as regras do jogo. Assim a mostra principal de longa-metragem em 35mm, caracterizar-se-á como um "festival de seleção", ou seja, não competitivo. Explica Pedro Jorge: - "Os filmes foram previamente indicados por uma comissão de cineastas e críticos, recebendo a premiação os selecionados para a mostra. A esses selecionados, estão assegurados a entrega do troféu Iracema aos seus diretores e o diploma com o selo do Festival aos produtores". Eliminando-se a competição - que, sempre traz polêmicas e muitas vezes trágicas conseqüências (ainda não cicatrizou o trauma provocado pela morte de Roberto Santos, após o fracasso de seu "Quincas Borba", no último Festival de Gramado), o Festival de Fortaleza terá pelo menos três filmes que, normalmente, não seriam inscritos por seus realizadores em mostra competitiva: "Um Trem Para as Estrelas", de Cacá Diegues (que representou o Brasil em Cannes, estréia no Cine Astor a 3 de setembro); "Jubiabá", de Nelson Pereira dos Santos; e "Boto", de Walter Lima Jr. (Que representou o Brasil no Festival de Moscou). Hermano Pena, cineasta cearense (embora radicado em São Paulo), será duplamente homenageado: seu novo filme, "Fronteira das Almas", rodado na Rondônia e com a paraibana Marcélia Cartaxo (a Macabéia de "A Hora da Estrela"), abrirá o Festival, e paralelamente, haverá uma retrospectiva de seus 20 anos de cinema, com exibição de vários curta-metragens, todos com temática nordestina. Sem falar, é claro, em "Sargento Getúlio", primeiro longa de Hermano, que acumulou premiações em vários festivais no Brasil e Exterior. Outro filme que vem sendo aguardado com expectativa - e que terá seu lançamento em Fortaleza - é "O País dos Tenentes", de João Batista de Andrade. "Anjos da Noite", do paulista Wilson Barros - o grande premiado em Gramado em 1987, estará sendo exibido também, assim como "A Dança dos Bonecos", do mineiro Helvécio Raton - premiado em Brasília e em Gramado (em exibição no Cine Luz, 5 sessões). Uma amostragem significativa do melhor cinema brasileiro, numa promoção sem competição, e que como diz seu diretor "não se permeia como tem sido usual, na ideologia do evento pelo evento". Para tanto, vários encontros paralelos acontecerão, reunindo cineastas, produtores, atores, técnicos e jornalistas. Um fórum sobre o processo de Descentralização da Produção Cultural Brasileira; um encontro de pesquisadores do Cinema Brasileiro; o encontro da Associação Brasileira de Documentaristas; debates sobre os filmes das amostras e, painéis, como "A Voz da Experiência", com depoimentos de profissionais ligados ao cinema.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
22/07/1987

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