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Aramis

Música

O aval musical de Edu Lobo e Dori Caymmi conta bastante. Conta tanto que Harry Zuckermann, diretor da Companhia Industrial de Discos, decidiu investir num caprichado lp para lançar uma nova dupla de compositores-interpretes - Jaime & Nair (CID, 8004, Novembro/74), que apareceram há dois meses, num bonito disco, simultaneamente editado em fita cassete. Tratando-se de uma nova dupla - até então totalmente desconhecida não deixa de ser uma grande chance. Interpretando 12 temas, dos quais 10 exclusivamente de Jaime Alen, esta dupla aparece com músicas líricas, com influências do melhor e mais autentico cancioneiro verde-amarelo, um misto de serestas e toadas interioranas, o que faz valorizar as letras bem construídas de Jaime Alen. Dori Caymmi, na folha dupla que acompanha o lp, com as letras de todas as músicas e mais detalhada ficha técnica da produção, afirma: - "Eu ouvi durante a gravação e gostei muito. Nair, o canto afinado e sincero. Jaime, um músico nato e compositor. Os arranjos muito bem escritos, a musica brasileira. As influencias são validas. A cidade grande é dura, mas pára, pra ouvir boa música. Benvindos a ela". Já Edu Lobo, na contracapa do lp, em bilhete manuscrito, diz: "Estou sendo apresentado à tua música, meu caro Jaime, assim às pressas, de um fôlego só. E fico pensando em "falar" sobre o que eu ouvi, e principalmente ouvir você o que for preciso. Vale uma conversa - a crítica a gente deixa para os especialistas. De qualquer forma, não importa realmente o que eu ou alguém possa lhe dizer. O que importa mesmo é o que você vai fazer. Um abraço, Edu". Realmente, o que importa é o trabalho que Jaime & Nair se propõe a fazer. Com honestidade, recorrendo a discretos arranjos viola de 12 cordas e de Pedal executada pelo próprio Jaime; Zé Roberto no órgão; Wilson das Neves na bateria; Cidinho na percussão em algumas faixas, participação de outros músicos em diferentes, faixas, este lp rico e que exige várias audições para se perceber toda a beleza das musicas de Jaime Alen. É notável o sentido de brasilidade que ele imprime as suas letras e a sua música falando de pássaros, das minas, do mar, mas demonstrando também, como outro jovem compositor, o cearense Eduardo, uma espécie de "caminhada" do Interior para a grande cidade, como em "Olhos Para São Paulo": "Perdi os olhos de ver São Paulo/Na luz de um raro lampião antigo, lindo/ Na garoa leve dos teus olhos frios e me molhar". Lamentável que a CID, que tem um departamento de divulgação tão bem dirigido por Fernando Lobo e Gaby Leib, não tenha desta vez providenciado um press-release contendo alguns dados biográficos desta dupla de talento. Em solo, Nair canta "No Reino das Pedras", "Boi-Le-Le", "Não Valia Tanto", "A Bica do Chororó", todas somente de Jaime e mais "Das Minas", um calango de Jorge Luiz de Carvalho/ João Marcos Alem; Jaime interpreta, sozinho, apenas duas de suas composições: "Olhos Para São Paulo" e "Névoa Seca". Em dupla, os dois cantam "Sabiá" (Diga Alá"), "Sob o Mar", "Samuel, Arcanjo, Anjo" e "Nigue Ninhas e Côco do Norte", também composições de Jaime. Uma faixa tem autor famoso: "Zabumba" de Hervé Cordovil, na voz de Jaime adaptou de material colhido na Discoteca Mário de Andrade, em São Paulo, e do livro do próprio (1932). Anotem os nomes de Jaime & Nair e ouçam este disco. Com toda atenção. LEGENDA FOTO 1 - Jaime & Nair
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Jornal do Espetáculo
10
07/01/1975

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