Música
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 04 de março de 1973
Bem poucas personalidades musicais contemporâneas, terão sido tão duramente atacadas, quer de ponto de vista estético-musical, quer do ponto de vista político-musical (se é que se pode admitir isso numa época como a nossa) quando shostakovitch (foto) . Este musico, que aos 18 anos estarrecia o mundo com a sua 1.ª Sinfonia - um golpe de gênio - foi sempre um artista << marcado >>, mesmo sendo altamente considerado em sua pátria. A sinuosa trajetória de sua vida musical está repleta de tentativas e atribuições de toda sorte, causadas, sobretudo, por exigências estatais. Para permanecer nas boas graças do regime fez inumeras concessões mas que jamais curvaram sua forte personalidade e elevado espirito de independência à definitiva adesão dos postulados do Partido, que é o de sempre escrever música acessível ao povo - fácil, herótica, tradicional - a exemplo de Khatchaturian e Kabalewsyk, que nunca quiseram ou souberam resistir ao rigorismo da imposição estética. Por três vezes - em 1930, 1936 e 1965, Shostakovitch teve problemas com a censura sociética, inconformada com sua forma de expressão artística. Pouco conhecido no Brasil, Shostakovitch tem agora uma de suas mais elogiadas obras - a Sinfonia n.º 8 - editada pela Imagem (Everest, 1023), numa interpretação da Orquestra Filarmônica de Moscou, sob a regência do maestro Kiril Kondrashim.
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