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Aramis

A musica da maçonaria

A CBS acaba de fazer um curioso lançamento através de sua etiqueta Odyssey, destinada a edições de música erudita: "Músicas Rituais Maçônicas do Século 18" (CBS 1111000, janeiro/75). O musicólogo Roger Cotte explica, na didática nota de contracapa, a importância desta produção: depois de duras vicissitudes, sob o reinado de Luís XV, a Franco-Maçonaria havia pouco a pouco conquistado desde o advento de Luís XVI, a situação de uma instituição estabelecida. A freqüência das lojas testemunhava de maneira brilhante as mais nobres aspirações do século das Luzes. Sábios, pensadores, escritores, artistas, burgueses, militares de todas as patentes, funcionários e agentes reais, aristocratas e eclesiásticos, todos aí se encontravam em pé de absoluta igualdade, não desdenhando mesmo de aí tratar fraternalmente os servidores admitidos, somente como primeiro grau, como irmãos servos. O Oriente da Corte, em Versalhes, contava com uma loja desde 1746: sob o título de Loja da Câmara do Rei", ele agrupava numerosos funcionários do Palácio valets de chambre, os pagens (como um tal Montesquiou) numerosos agentes e funcionários dos ministérios, e sobretudo músicos, como os violinistas Guillemain, Antonio, cantores da capela etc. Parece que ela acabou por volta de 1756, sem que bem se conheçam as razões de sua decadência. Há exatamente duzentos anos houve uma nova criação maçônica: "A Loja Militar dos Três Irmãos Unidos", que conheceu duas cisões - em 1780 e 182 - que levaram as fundações respectivamente da Loja "O Patriotismo" e da Loja "A Concordia". A loja "O Patriotismo" cedo contava com várias centenas de membros, quase todos funcionários e entre eles cerca de quarenta músicos e cantores da Capela., da Música do Rei ou das Músicas regimentares, em sentido amplo, a origem da matéria sonora gravada neste curioso "Músicas Rituais Marçonicas do Século XVIII". O compositor François Giroust (1738-1799), na época em que pediu sua iniciação na Loja "O Patriotismo", era superintende da Música do Rei. Era conhecido por numerosas composições de música religiosa (de que se destaca a Missa da Coroação de Luís XVI) e deixou uma produção maçônica importante. O lado 1 do disco é ocupado por seu "Le Deluge", Ritual Maçonico Fúnebre, escrito em 184 para uma cerimonia solene da loja, a memória de um irmão defunto cuja personalidade não é identificado. No lado 2, do lp estão compositores conhecidos: Mozart, Beethoven e Himmel. Explica Cotte, que pouco antes da Revolução Francesa, e provavelmente imitando a corte de Versalhes, países germânicos haviam atribuído a Franco-Maçonaria a mesma situação de fato conseguida na França. A música assumiu, nessas lojas, uma ima importância pelo menos igual a que ocupava nas reuniões maçônicas francesas: não há, pois nada, de surpreendente no pedido de iniciação feito por Mozart a loja "Zur Wohltatigket" em 1784. E dele são "Tres Canções Maçônicas", que abre o lado dois deste lp. Já Beethoven também teve ligações com a Maçonaria, e a prova está na "Marça Maçônica e Opferilied",que ele escreveu e está neste lp. A obra seguinte e de Friedrich-Heinrich Himmel, mestre da Capela da Corte Alemã e membro ativo da maçonaria. Por último temos "Marcha Maçônica Fúnebre", de Henry-Joseph Taskin (1779-1852) de uma célebre família de fabricantes de cravos e de pianos, compositor e pianista cuja carreira maçônica se realizou essencialmente na loja "Os Irmãos Unidos-Inseparáveis".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
14
16/02/1975

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