Apesar de todo o cansaço, resultado de múltiplas apresentações artísticas e reuniões com dirigentes da Sombras, no Rio, da qual é um dos mais ativos integrantes, o compositor cantor João Bosco não se fez de rogado e, apesar da péssima acústica do abandonado auditório do Colégio Estadual, estendeu o seu "show" na noite de terça-feira, com vários números extras, inclusive alguns inéditos, reservados para o seu próximo LP. O auditório totalmente lotado por calouros da Universidade Federal do Paraná soube fazer um respeitoso silêncio, fazendo com que a música marcante de Bosco, simples mas segura, inundasse todo o espaço. E os aplausos, ao final, foram delirantes, com a sua obra-prima de 76, "O Rancho da Goiabada". Seu letrista e maior amigo, Aldir Blanc, não pode acompanhá-lo, desta vez, a Curitiba. E o próprio Bosco, para atender ao convite dos estudantes, teve que adiar importantes compromissos - mas, após o "show", enfrentando uma lasanha no Baviera, comentava que sempre é uma satisfação cantar para uma platéia entusiasmada. Já com 13 músicas inéditas, Bosco não pensa ainda em começar o seu novo (o quarto) lp. Quer fazer um trabalho calmo, seguro - pois sua responsabilidade é grande: todos os seus discos tem entrado na lista dos melhores do ano e vendido bastante. Bosco e Aldir terminaram, há poucos dias, de produzir o segundo lp da compositora - cantora Sueli Costa, na Odeon. A planejada viajem aos EUA, onde faria um disco, não saiu: "A jogada era que eu fizesse um discotheque, o que não dá... Para gravar nos EUA, só com produção de Oscar Castro Neves e arranjos de Moacir Santos".

Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:

Veiculo: Estado do Paraná

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Página: 4

Data: 25/03/1977