Login do usuário

Aramis

Músicas de mãe e filha venceram o 14º Femucic

Maringá Quando Irineia Maria (Ribeiro Borges da Silva), uma carioca de 45 anos, foi chamada ao palco do cine Horizonte, na noite de domingo, 29, para receber, em nome de sua filha, Luana, 17 anos, o troféu e cheque de Cr$ 200 mil como terceira classificada no 14º Festival de Música Cidade Canção, a sua emoção já era grande. Nervosa, improvisou um discurso, dizendo que "embora Luana já esteja na vida musical há alguns anos, este é o primeiro prêmio que recebe como autora". Menos de cinco minutos depois, Irineia voltava ao palco, desta vez para ela própria receber o prêmio principal - Cr$ 500 mil e troféu pela belíssima "Trama", parceria com Sueli Corrêa e que numa belíssima interpretação de Andréia Gabriel, 30 anos e a própria Irineia, mereceu vencer o festival. O prêmio de melhor intérprete foi para Victória Rudan (Giusepina Rocha França), 28 anos, também carioca, que defendeu com emoção e garra a "Amazonita", de Luana Borges Silva e Paulinho Campos, a terceira classificada. Também o paulista Kleber Fernandes Albuquerque, 23 anos, tinha razões se sobra para estar eufórico. Tendo seu blues "Nanci vai às compras" reconhecido em segundo lugar, era a segunda premiação que obtinha num mesmo fim-de-semana. Na sexta-feira, 27, classificou "Nanci vai às compras" - título inspirado no filme de Percy Adlon "Rosalie vai às Compras" ("que eu não assisti, apenas ouvi falar") entre as 20 canções concorrentes. Na mesma noite, com seus três companheiros do grupo Os Palhaços, caía na estrada e voltava a Santo André, para, ali, no sábado, competindo num festival universitário promovido pela Faculdade Metodista, embolsar mais Cr$ 500 mil de premiação (1º lugar) com a canção "Sete Luas". Imediatamente, o retorno a Maringá - sempre de ônibus - para, à noite, dar uma interpretação entusiástica ao blues que obteve o segundo lugar. Acompanhado de seu grupo - Fernando Barros, 23 (bateria/vocais) e Marcelo Mazolatto, 26 (teclados), Kleber também comemorava outro fato importante: nesta semana, saiu o seu primeiro lp ("O Canastra e o Palhaço", Camerata Discos), cujos primeiros exemplares autografava depois do festival. A eficiente comissão organizadora - formada por Dina Dollie, assessora do Departamento de Cultura da prefeitura de Maringá; João Vieira, diretor regional do Sesc e Nilson Santos, diretor da TV-Cultura - entidades patrocinadoras do evento - selecionou entre as 250 músicas enviadas por compositores de vários estados, as 24 que disputaram o festival, vindas de nove cidades e quatro estados, inclusive duas do Ceará. Numa cidade musical até no nome - fundada em 1948, com o nome da canção que o mineiro Joubert de Carvalho (1900-1977) e o pernambucano Olegário Mariano (1889-1958) compuseram em 1931, o Femucic é, ao lado da Fercapo (Cascavel) o mais importante evento musical-competitivo do Paraná. Desde 1977, ininterruptamente, vem sendo promovido com garra e entusiasmo por pessoas dedicadas como Dina Dollie, que, este ano, teve uma original idéia: para garantir igualdade de torcida a todas as concorrentes - e evitar que apenas as 7 músicas de autores de Maringá fossem aplaudidas - promoveu-se uma gincana entre centenas de jovens do segundo grau que, todas as noites, com faixas, percussão e muito entusiasmo estimularam os concorrentes num clima de saudável disputa. A comissão julgadora, presidida por Lídia Marques, diretora do Departamento de Cultura do Sesc - e da qual fizeram parte o compositor Jean Garfunkel, o instrumentista Wagner Campos (SP), o professor de música Wagner Campos (RJ), o publicitário Franbel Carvalho, professor Luís Afonso Giane este repórter - buscou oferecer os destaques aos trabalhos mais interessantes, dentro das concorrentes que, refletem o panorama pouco otimista da criação musical brasileira. Influências-clichês de autores consagrados, mesmices de temas (ecologia, meio ambiente etc) e falta de uma proposta renovadora, como ocorria nos anos de ouro dos grandes festivais (1964/72), repete-se em inúmeros eventos que temos acompanhado. Maringá, com uma organização primorosa, ofereceu, de certa forma um nível médio dos trabalhos concorrentes - além de uma agradável surpresa instrumental que comentamos no texto abaixo. Amanhã, falaremos com mais vagar das canções que disputaram esta 14º Femucic.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
02/10/1991

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br