Login do usuário

Aramis

Na letra, a simples insinuação do humor

A letra de "Julieta", do paranaense Roedil Caetano - em parceria com F.C. Santos (e que na gravação de Sandro Becker, ganhou um terceiro "autor", Enock Gomes) não é nem mais agressiva, nem mais respeitosa do que tantas outras que têm aparecido na MPB nos últimos tempos. Se nos anos 50, a versão pornô que os Titulares do Ritmo fizeram do "Xote das Meninas" (Luiz Gonzaga/Zé Dantas, 1953) era um 78 rpm clandestino, que se ouvia em sessões reservada (como hoje acontece com "Je Vous Salue, Marie", em termos cinematográficos), agora, a liberdade dos novos tempos, permite que na qualidade de transmissões das FMs se ouça dezenas de músicas de duplo sentido - especialmente exploradas a partir de 1982/83, pelos roqueiros. Exemplos são inúmeros e nem há tempo e espaço para aqui comentar. xxx Basicamente, "Julieta" é uma música apelativa a imagens pornográficas que não se concretizam - mas insinuam. O refrão, pobre e cansativo ("Julieta tá, tá/tá me chamando") repete-se a cada nova "anedota" e a música funciona em termos de comunicação - atingindo principalmente o público infantil, que já a incorporou em seu vocabulário. Afinal, para as crianças deste final de século, não há muita novidade nas insinuações feitas por Roedil em sua "Julieta". xxx Maria Preta escreveu na tabuleta/ Quem tiver dinheiro come Quem não tem... toca pandeiro Eu vinha no caminho/ encontrei um urubu pisei no rabo dele/ ele me mandou tomar... cuidado Lá atrás daquele morro/ moram dois caras batutas Um é filho do Zé/ ...O outro não é; Eu conheço uma menina/ Que se chama Julieta Ela tem o dedo fino/ ...de tanto tocar corneta Eu estava tomando banho/ o telefone tocou Enrolei-me na toalha... e a toalha escorregou O velho e a velha foram buscar água na bica A velha escorregou/ e o velho passou-lhe a perna Cachorro quando late/ Em buraco de tatu Sai espuma pela boca... e chocolate pela orelha Lá atrás daquele morro/ tem um pé de Araçá Cada vez que eu vou lá/ me dá vontade de cantar Quando me enterrar/ me enterrem numa cova funda Se não vem um urubu/ para comer a minha perna Oh! seu ferreiro/ O sr. não acha que está caro para fazer Um capacete para a cabeça do canário Eu conheço uma menina/ Que se chama Dorotéia Ela está muito doente/ Ela está com resfriado O meu avião não cai/ o meu barco não afunda Morena, eu quero ver/ o balançar de sua... saia Eu tenho um passarinho/ Que se chama papagaio Ele tem uma pinta preta/ bem na ponta do nariz Eu namoro uma menina/ que se chama Marieta Ela tem a saia curta/ Aparecendo a etiqueta Eu fiz esta música/ lá na beira de um rio Quem não gostou...
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
07/05/1986

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br