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Aramis

Na maioria das cidades, só na telinha os filmes da CIC

Em time que está ganhando não se troca jogador. Esta deve ser a filosofia dos executivos da CIC Vídeo que dispondo de um dos acervos mais amplos para comercializar em tela pequena, vem preferindo produções de aceitação certa, entre filmes lançados recentemente em seu circuito ou mesmo produções inéditas nos cinemas. Explica-se, inclusive, esta filosofia: dentro da relação custo-lucro, a CIC é bastante exigente na distribuição de seus filmes para cinemas em 35mm. Simplesmente, nas cidades em que não há uma renda mínima, esta multinacional nem autoriza a exibição de suas realizações. Curitiba é privilegiada porque aqui o grupo possui três das melhores salas de exibição - Condor, Lido I e Lido II - fazendo, assim, lançamentos nacionais, alguns até antes mesmo de chegarem ao Rio e São Paulo, como foi o caso do excelente "Stanley e Iris", de Martin Ritt - um dos dez melhores filmes do ano mas que não teve a repercussão merecida. Para a maioria das cidades brasileiras - inclusive centenas delas que não dispõem hoje sequer de uma única sala de projeção - só resta mesmo os vídeos e para estas o mercado da multinacional é seguro. Títulos atraentes, boa qualidade das copiagens, atenção na parte de vendas e relações públicas (é a única distribuidora a enviar, antecipadamente, os vídeos para serem vistos pelos jornalistas especializados), não é sem razão que a CIC Vídeo esteja entre as majors que mais cresceram na área do vídeo. O pacote de agosto traz títulos que estão sendo dos mais retirados na distribuidora. São eles: "Chuva Negra" (Black Rain), 1989, de Riddley Scott. Sofisticadíssimo em seus efeitos especiais, com uma notável fotografia de Jean De Bont, este policial-cult do diretor de "Blade Runner", com Michael Douglas, Andy Garcia, Ken Takakura e Kate Capshaw, foi um dos filmes mais badalados do ano passado. O choque cultural de dois policiais americanos em Osaka, onde "entregam" a uma gangue japonesa um perigoso assassino - e a luta para tentar recuperá-lo, resultou num filme comprovador do talento de Riddley Scott, que acima da ação e do suspense, ofereceu elementos para amplas análises. Agora, mesmo perdendo um pouco de sua beleza visual na telinha, vale o preço da locação. "Loucuras de Verão" - Embora hoje se dedique a produção e sua fantástica empresa de efeitos especiais, George Lucas começou, de forma promissora, como diretor, rodando há 20 anos um science fiction tão interessante ("THX 1138", com Robert Duvall e Eonald Pleasence) que o levaria, em 1973, a ter condições de fazer um belo painel dos anos 60: "American Graffiti", em cujo elenco apresentava então jovens desconhecidos chamados Richard Dreyffus, Ron Howard, Candy Clark, Harrison Ford, Bo Hopkins. O filme teve tanto êxito que ganhou uma seqüência - já com outra direção - sem a mesma beleza - e o nome original ficou como sinônimo dos sonhos de uma geração. A história passada na pequena cidade de Modesto, Califórnia, mostra 12 horas na vida de quatro adolescentes após suas formatura em 1962. Um roteiro excelente, sensibilidade na direção e uma trilha sonora com standards de época, fez de "Loucuras de Verão" um cult movie dos anos 70. Agora, em vídeo, pode ser reapreciado - e conhecido pelos mais jovens que não viram na época em que chegou a tela ampla. "Armadilha da Morte" (Trapped), produção de 1989, de um diretor pouco conhecido - Fred Walton, com elenco sem grande nomes (Kathleen Quinlan, Bruce Abbott, Ben Loggins, Katy Boyer), nos parece que nem chegou aos circuitos comerciais da CIC. Misturando espionagem industrial, terror numa "torre" de 63 andares e algum suspense, pode agradar aos fãs do gênero. Um detalhe: Kathleen Quinlan, principal intérprete, começou fazendo uma ponta em "American Graffiti". "Doce Vampira" (Nightlife) é outra produção recente (1989) que nem teve destaque no circuito comercial. Direção de Daniel Taplitz, com Ben Cross, Maryan D'Abo, Camile Savilla, é uma comédia sobre vampirismo, desta vez com ação no México. Passatempo descompromissado. "A Caçada" (Road Raiders), de Richard Lange, é um filme de ação, que transcorre na véspera do ano novo de 1942, quando por um acordo entre o presidente Roosevelt e o imperador Hirohito, a cidade de Manilla, nas Filipinas, foi declarada "cidade livre". Mas todos sabiam que os japoneses não tinham intenção de respeitar o acordo e que em breve invadiriam a ilha. Rhodes (Brude Boxleitner) e seu amigo Gharlem (Fred McCanta) são dois americanos que não conseguem deixar a ilha e enfrentam então uma caçada tanto da parte dos americanos como dos japoneses, que os encaram como espiões. "Star Trek" - A série agrada tanto que a CIC Vídeo traz agora o volume 9 com duas histórias: "Os Sobreviventes" e "O Mistério de Altea". Longa da autenticidade da série original - mas com muitos efeitos especiais - e sem a mesma categoria dos cinco filmes feitos para o cinema (especialmente o primeiro, dirigido por Robert Wise), os "trekeanos" continuam a garantir a lucratividade desta série na qual são empregados novos intérpretes, técnicos e realizadores. Quem dirige agora as estórias são Rob Bowman e Kim Manners, respectivamente.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Nenhum
2
12/08/1990

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