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Aramis

No campo de batalha

Em menos de 10 anos, Curitiba viu os estúdios de som se multiplicarem. Do pioneiro Eugênio Félix, no apartamento 106 do antigo Palácio Avenida - que nos anos 40, foi o precursor do som gravado (e das primeiras filmagens) publicitário aos modernos equipamentos, muita coisa rolou. Hoje, enquanto os mais prósperos dos empresários do setor - Percy Tamplim, do Sir, e Reinaldo Camargo, da Audisom - se interestadualizam em trabalhos para o vídeo, surgem novos estúdios de áudio, buscando um mercado altamente competitivo. xxx Gerson Fisbein, um dos bons compositores - excelente jinglista, depois de vivenciar nos Estados Unidos e França, instalou-se com o seu "Stúdio Master" na Avenida Cândido de Abreu, 526, conjunto 1503B (fone 253-1856) somando a um equipamento ágil a sua capacidade de desenvolver bons temas. xxx Já Ricardo Saporski, descontente comercialmente com seus associados do Grammophone, conseguiu US$ 50 mil de amigos e partiu para um novo estúdio, que deve começar a funcionar nos próximos dias. xxx O mais novo fanzine da cidade começou a circular na semana passada: "Cult Comics", editado pelo guitarrista Francisco Utrabo, que também é o dono da Itiban Revistaria (Rua Visconde do Rio Branco, 1381), primeira mini-livraria especializada em comics internacionais. Integrante do grupo Os Apóstolos (com um disco em fase de produção), casado com uma suavíssima atriz-bailarina nissei (Mitie Taktini), Chico reuniu economias e somente com um patrocínio ("Temptation", loja de discos pop da Água Verde) bancou a mini-edição de 100 exemplares e de um dos mais bem acabados fanzines já produzidos em Curitiba - onde passam de trinta estas interessantes experiências de produção gráfico-editorial que refletem a cabeça de uma geração entre 12/25 anos. xxx "Cult Comics" reúne trabalhos de novos desenhistas-roteiristas, na faixa dos 20 anos, com personagens interessantes: Marcelo Donato, Bruno Hoffman, Alessandro, Olavo, Márcio e o Morto - cujo nome real nem os seus melhores amigos sabem. xxx A produção do Fanzine - um tipo de produção gráfica, calçada nas modernas histórias em quadrinhos, que vem crescendo nos últimos anos - deve ser catalogada, estudada e, principalmente, preservada como exemplo de manifestação cultural de uma nova geração. A Gibiteca, mantida pela Fundação Cultural / Secretaria Municipal de Cultura, já vem guardando os exemplares que lhe chegam, mas deve intensificar este trabalho, inclusive estabelecendo um intercâmbio com outros setores. Aquilo que hoje pode parecer apenas uma brincadeira ilustrada de adolescentes colonizados culturalmente, pode, no futuro, servir de material precioso para testes e estudos sobre comportamento e comunicação.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
20
20/03/1991

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