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Aramis

No campo de batalha

Os filmes de longa-metragem programados para o Festival de Fortaleza são tão novos que alguns estão saindo diretamente do laboratório. Na manhã de terça-feira, o diretor Pedro Jorge ainda não tinha a confirmação de que a cópia de "Sonho de Valsa", de Ana Carolina, estaria sonorizada a tempo para ser exibida na noite de sexta-feira. Se não chegar, será substituída por "A Cor do Destino", de Jorge Duran, grande premiado no Festival de Brasília no ano passado. xxx Três diretores de outros festivais de cinema aqui estão presentes: Eloir Zarzanello, de Gramado, José Carvalho da Matta, de Brasília (cuja próxima edição será de 15 a 21 de outubro) e Guido Araújo, da Jornada de Documentários, de Salvador, em setembro. xxx Emocionados na platéia, assistindo a "Fronteira das Almas", a mãe do diretor Hermano Penna, dona Zulmira, e seu irmão, Caio, 44 anos, médico que residiu em Porto Velho até o ano passado, e que foi um dos que mais colaborou na produção, inclusive passando ao diretor idéias das histórias desenvolvidas no filme. xxx Temas sociais não faltam nos filmes e vídeos trazidos para este Festival: no encerramento será apresentado "O Caldeirão de Santa Cruz do Deserto", do cineasta cearense Rosemberg Cariry, sobre um episódio semelhante a Canudos, ocorrido no Interior do Ceará nos anos trinta (e que há algumas semanas foi exibido em Curitiba, na Cinemateca). Na quinta-feira, na mostra paralela dos vídeos, "Canoa Quebrada" de Paulo César Faraó, 42 anos, a respeito de problemas de terra que ocorreram no município de Aracati. Há apenas 150km da fronteira. xxx Nos dois primeiros dias do Festival, poucas estréias. Marcélia Cartaxo, paraibana de Cajazeiras, e que em "A Hora da Estrela" aparecia feiosa e desajeitada, está com novo visual: bem produzida em termos de maquilagem, conserva a simplicidade que a caracterizava há 4 anos passados, quando anonimamente, integrava o Grupo Terra, que durante o mais rigoroso inverno curitibano, apresentou a peça "Beiço de Estrada", de Eliezer Filho, dentro do Projeto Mambembão, no Teatro do Paiol. Visto, aliás, na ocasião por menos de 50 pessoas. Marcélia encerrou no último dia 30, no Teatro da Casa Laura Alvim, no Rio, a peça "Nossa Voz", de João das Neves. xxx Ironia: elogiadíssima em sua estréia no cinema, Marcela amargou a falta de um novo trabalho. Só Hermano Penna é que se lembrou dela para compor um discreto personagem em "Fronteira das Almas". Agora, está esperando um novo convite para o cinema. "Por enquanto, só promessas", queixa-se.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
05/08/1987

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