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No épico goiano, a bela Denise vive Santa Dica

As filmagens de "Santa Dica - A República dos Anjos" iniciaram em 5 de agosto no próprio Povoado da Lagoa, município de Pirenópolis (famoso por suas cavalhadas), onde viveu a mística Dona Dica. Em Goiás Velho também foram feitas algumas seqüências. Muitos exteriores, que exigiram grande sacrifício do elenco e da equipe técnica - passaram os três meses praticamente acampados, nas locações. Mas o entusiasmo por esta realização foi tão grande "que o desconforto nem nos incomodou", diz a bela Valeria Frascino, uma morena sensual que interpreta a cigana Antonieta. Vindo do teatro, Valeria estreou num pequeno papel em "Jardim de Alah" e terá em "A República dos Anjos" uma grande chance de aparecer. Ela fez também um curta, "Amigo de Fé", direção de Bia Werneck - um dos cinco concorrentes pelo Brasil no VI FestRio Fortaleza - e agora, de volta ao Rio, ensaia "Caminhos Desencontrados", peça de Jorge Nascimento. Morena, mignon - fisicamente parecida com a personagem real, conforme fotografias pesquisadas pelo diretor - a cativante Denise Milfont, sobrinha do cantor e compositor Gilberto Milfont (Lavras de Mangabeiras, Ceará, 07/11/1922), é brasiliense do dia 27 de janeiro de 1962. Interpretando a sertaneja Rosa na versão que Tizuka Yamazaki fez para a televisão de "O Pagador de Promessas", de Dias Gomes, sua carreira teve um grande impulso. Além do principal papel - a Dona Dica - em "A República dos Anjos", fez também uma personagem importante em "Pesadelo 137", documento-drama que o baiano Roberto Pires ("Redenção", "A Grande Feira", "Tocaia no Asfalto", etc.), rodou em Goiás, sobre o acidente de radiação nuclear ali ocorrido há dois anos. Para quem está começando uma carreira, foram duas boas atuações. O elenco principal de "Santa Dica" traz nomes conhecidos - além de marcar a estréia como ator de Fagner, interpretando o poeta modernista Jorge de Lima (1893-1953), que tendo conhecido a messiânica personagem, quando ela esteve no Rio de Janeiro, lhe dedicou um belo poema. Além de Raimundo Fagner, há participações especiais do violeiro Roberto Corrêa, autor da trilha sonora, e de Tânia Alves. No elenco estão Marcelo Picchi - como Mário Mendes, jornalista e político, marido de Dona Dica; B. de Paiva, ator cearense dos mais respeitados ("Tigipió" foi um de seus melhores trabalhos no cinema) como o latifundiário coronel Casa Grande; Gilson Moura, Edney Giovenazzi, Tito Anjeiras, Carmen Moretzhon, Marury Castro, João Antônio, Guilherme Reis, Venerando Ribeiro e Elisa Gomes. Também no elenco a atriz e cantora Malu Moraes, esposa do cineasta Geraldo de Moraes, diretor do Centro de Produção em Vídeo da Universidade de Brasília - e que concluiu um longa-metragem rodado em Goiás - "O Círculo do Fogo", possivelmente reservado para competir no XVIII Festival de Gramado. Com sua experiência de quem há 20 anos vem trabalhando em algumas das melhores realizações brasileiras - "Os Herdeiros" e "Joana, a Francesa" de Cacá Diegues; "Coronel Delmiro Gouveia", de Geraldo Sarno, a trilogia dos filmes de Ana Carolina, entre outros, Carlos Del Pino escolheu uma excelente equipe técnica. A fotografia é de Walter Carvalho, 47 anos, premiado no último Fest-Brasília, pelo conjunto de filmes em que colaborou e ali exibidos ("Que Bom te Ver Viva", o episódio "A Paisagem Natural", de "A Última Utopia", o curta "Canal Clic", de Sandra Werneck). Maria Helena Salles, premiada em Gramado pela cenografia de "A Faca de Dois Gumes", de seu irmão Murilo Salles, cuidou dos figurinos, enquanto a cenografia foi entregue a Jefferson Albuquerque (cearense, participação em inúmeros filmes) e Walter Marques. Marcelo Torres fez a direção de produção, enquanto o som direto esteve a cargo de Chico Bororo. A bela Liloye Boubli, cearense, assistente de produção do documentário "O Caldeirão de Santa Cruz do Deserto", de Rosemberg Cariry. Mulher de Carlos Del Pino, foi uma factótum na produção inclusive organizadíssima na parte promocional. Na pesquisa, Del Pino teve ajuda de seu amigo Bernardo Elis, escritor goiano, membro da Academia Brasileira de Letras, e a quem, em 1966, Del Pino dedicou o documentário "Caminhos das Geraes". Apesar de considerar que "A República dos Anjos" é, "em termos de total realização", o seu primeiro filme, Del Pino há 15 anos fez um longa, com linha experimental e pouquíssimo visto: "O Leão do Norte". - "Agora, buscando uma personagem real, esquecida pela história oficial mas cultuada pelo povo simples que sempre a amou, acredito que estamos nas mãos com um filme para ter grande repercussão em 1990". LEGENDA FOTO - Carlos Del Pino, diretor de "Santa Dica": "um filme para platéias internacionais".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Nenhum
6
26/11/1989

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