Login do usuário

Aramis

Noites de Hollywood encantaram Curitiba

Na próxima edição especial da "Tribuna do Paraná", dia 9 do corrente, uma ampla reportagem falará sobre a época em que Curitiba promovia grandes festas de cinema: o "Tribunascope de Ouro". Idealizado pelo ótimo Júlio Neto, redator de cinema da "Tribuna", em 1959 e estimulada pelo então secretário de redação, João Féder, o "Tribunascope" levou a cabo seis memoráveis promoções, quatro realizadas no saudoso Cine Ópera, na então iluminada Cinelândia (Avenida Luiz Xavier) e as duas últimas, no Cine Vitória, já com a presença de astros americanos. Na passarela de acesso daquele cinema, no lado esquerdo de quem entra, estão registradas em cimento (8no melhor estilo do Chinese Theatre, em Hollywood), as marcas das mãos de artistas como Janet Leight, Karl Malden e Tony Perkins, que ali estiveram em abril de 1964, ao lado de outros nomes conhecidos do cinema nacional e estrangeiro. Julio Netto, hoje aos 49 anos, assessor político do deputado Ítalo Conti, promete publicar, em 1986, um livro contando, em detalhes, o que foram as festas do "Tribunascope", que, na primeira metade dos anos 60, movimentaram cinematograficamente Curitiba. O livro já tem até título escolhido: "Curitiba nos tempos de Hollywood". O livro de Júlio terá muita coisa a contar, oferecendo, inclusive, um levantamento dos premiados com o troféu nas 6 edições realizadas (as indicações eram de críticos e estudiosos de cinema). Por exemplo, há 24 anos, na segunda edição do "Tribunascope", dois dos troféus aos melhores do cinema estrangeiro foram concedidos a Orson Welles e Simone Signoret, como melhor ator e atriz. Welles, pela impressionante criação do advogado Clarence Darrow (1857-1938) em "Estranha Compulsão" (Compulsion, 1959, de Richard Fleischer). Simone Signoret pela emocionante atuação em "Almas em Leilão" (Roons at the Top, 1958, de Jack Clayton), também escolhido o melhor filme daquele ano. Welles e Simone faleceram em outubro último. Na festa do I Tribunascope, "Rebelião em Vila Rica", dos irmãos gêmeos Geraldo e Renato Santos Pereira, foi escolhida como o melhor filme nacional. Walter Hugo Khouri, então em início de carreira, era premiado como melhor diretor pelo filme "Fronteiras do Inferno", enquanto Adriano Reys ganhava o troféu de melhor ator, com "Aí Vêm os Cadetes", de Lulu de Barros. Eliana Macedo, com "E o Espetáculo Continua", era a melhor atriz. Na festa realizada no Cine ópera, a 27 de janeiro de 1960, foram ainda entregues aos representantes das distribuidoras, os prêmios referentes aos melhores do cinema estrangeiro: "Meu Tio", de Jacques Tati (melhor filme); Billy Wilder, como melhor diretor ("Testemunha da Acusação"); Spencer Tracy (melhor ator, com "O Velho e o Mar", de John Huston, do romance de Ernest Hemingway); e Susan Hayward pelo inesquecível "Quero Viver" (I Want to Live, de Robert Wise). A escolha dos melhores foi feita pelos críticos da época: Ernani Gomes Corrêa (26 anos redator da coluna "Roda Gigante" da "Tribuna", já falecido); José Luís Kaiser, Norberto Castilho (hoje próspero empresário na área da publicidade, então crítico de O ESTADO DO PARANÁ); Omar de Almeida, Edmir Gomes e Miguel Khassis. Acima falamos em Orsom Welles. É bom lembrar que, esta semana, na Cinemateca do Museu Guido Viaro, está se realizando um ciclo em homenagem ao genial cineasta. Hoje, será exibido "Soberba". A obra-prima de Welles, "Cidadão Kane", foi programada para o sábado e domingo. LEGENDA : Tribunascope: época de festas.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
06/11/1985

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br