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Nossos Clássicos voltam com Vinícius de Morais

A Editora Agir é uma antiga casa publicadora, com um respeitável catálogo. Entretanto, nos últimos anos, não tem tido a presença que merece no competitivo mercado editorial. Por isto, uma boa notícia foi a que Carlos Menezes, book-review d"O Globo" trouxe na semana passado: a coleção "Nossos Clássicos", que a Agir editou entre 1952/1970, voltará a ser ativada. "Nossos Clássicos" chegou até o volume 107, coordenado no setor brasileiro por Alceu Amoroso Lima e, no português, por Jorge de Sena. A Agir, transcorridos 14 anos em que a coleção esteve desativada, resolveu reiniciá-la, agora sob a coordenação de Pedro Lyra, poeta, crítico, ensaísta e professor de Teoria Literária da UFRJ, e autor da recente "Decisão" - poemas dialéticos (edição da Tempo Brasileiro). "Nossos Clássicos" inicia sua nova fase com três lançamentos: "Vinícius de Morais" (poesia), por Pedro Lyra, em primeira edição; "Manuel Bandeira" (poesia), por Alceu Amoroso Lima, na segunda edição e "Basílio da Gama" (poesia), por Mário Camarinho da Silva, na quarta edição. Sobre seu trabalho com a poesia de Vinícius de Morais para a coleção, diz Pedro Lyra: "Segundo a indicação do próprio Vinícius na "Advertência" à sua "Antologia Poética", dividi a obra em três fases: "Transcendentalista" - uma poesia de ânsia do absoluto, fruto do choque entre o ideal inatingível e o real inaceitável, em seus três primeiros livros ("O Caminho para a distância", 1933; "Forma e exégesse"), 1935 e "Ariana, a mulher", 1936). A segunda parte é denominada "Intermediária" - uma poesia de transição, com passagens experimentalistas, à procura de uma expressão própria, em dois livros ("Novos poemas", 1938 e "Cinco Elegias", 1943). A parte final, chamei de "Participante" - uma poesia de integração do cotidiano, fruto da libertação dos preconceitos de sua formação idealista, mística e burguesa, nos seus últimos livros ("Poemas, "Sonetos e baladas", 1946; "Novos poemas - II", 1969 e "Para viver um grande amor", 62). Assim, independente da obra completa de Vinícius de Morais, em edição papel bíblia, da Aguillar/Nova Fronteira, temos agora também, Vinícius em "Nossos Clássicos", numa seleção muito criteriosa de Pedro Lyra. Explicando o critério da escolha dos textos, explica: "Fiz segundo um critério temático, acompanhando a evolução do poeta, livro por livro, em suas três grandes linhas: a metapoética (poemas que têm como tema a própria poesia), a erótica (poemas que tematizam o amor, onde se encontra o Vinícius típico) e uma linha participante (poemas que questionam a realidade social do nosso tempo). Nesta linha, há o antológico poema "O operário em construção", onde ele desseca o drama da alienação e opressão do operário, mas que vai se construindo dialeticamente na superação de ambos pela tomada de consciência do valor de seu próprio trabalho, tanto na construção de objetos quanto na construção da própria sociedade. xxx Poesia vende - e Paulo Leminski, com seu livro pela Brasiliense, que esgotou 3 mil exemplares em 20 dias, provou isto. Por isto, alguns editores se animam a lançar obras poéticas. Como Manoel Caetano Bandeira de Mello, cujo "Da Constante Canção" acaba de sair através da Editora Cátedra, em convênio com a Pró-Memória/ Instituto Nacional do Livro. Adonias Filho apresenta o poeta, dizendo que ele se impõe como "um dos herdeiros do simbolismo". E, em seu entender, "Da Constante Edição" se identifica com os imaginativos que têm bons exemplos em Rimbaud e Rilke. Diz Adonias: "A prática imaginava, ao invés de minimizar , revaloriza a idéia no processo intelectivo. Tudo isso será reconhecido pelos que, agora, vão ler os poemas "Da Constante Canção". Ler e reler. E isso porque a poesia de Manoel Caetano Bandeira de Mello, pelo sangue e a força de sua constante canção, sempre exige a volta".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Poesia
28/01/1984

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