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Aramis

O bom teatro visto na tela

O teatro filmado é um desfio que já desmontou a carreira de muitos cineastas de renome. O envolvimento que existe nas dimensões do palco, com o público atento a cada detalhe, se perde na tela ampla - por mais recursos que se possa utilizar. Entretanto, há cineastas que sabem como transpor uma boa peça e, entra estes, dos mais competentes está Sidney Lumet. A longa experiência na televisão, em seus primeiros anos, quando ainda não existiam os recursos do video-tape e tudo ia ao ar ao vivo, na hora, fez com que Lumet - hoje aos 59 anos, mais de 40 de vida artística - adquirisse um timig extraordinário. Tanto é que ao estrear no cinema, o fez numa produção financeira em parte pelo ator Henry Fonda e com uma teleplay das mais originais de Reginald Rose: << Doze Homens e Uma Sentença >> (Twelve angry men), com toda ação concentrada numa única, sala com um jovem acusado de assassinato. As dúvidas levantadas por um dos jurados, (Fonda), faz com que, pouco a pouco, os demais homens comecem a refletir melhor a evitem cometer uma injustiça. Um filme clássico, que resiste ao tempo. Apesar de bem sucedido em produções mais audaciosas, Lumet se caracterizou por suas sensíveis e inteligentes adaptações de textos de autores como Tennessee Willians (<< Vidas em Fuga >> The Fugitive King >>, 60; << Brutalidade Desenfreada/The last of the hole mobile shots >>, 70), Arthur Miller (<< - Panorama Visão da Ponte >>, 61), Eugene O`Neil (<< Long Day`s Journey Into a Night >>, 62 - nunca exibido no Brasil) e, mais recentemente, Peter Schaefer - << Equis >> 91976). Portanto, seria mesmo Lumet o diretor ideal para a transposição a tela da peça << Desthtrap >> de Ira Levin. Com uma ação concentrada em apenas quatro personagens e um tema guardado algumas semelhanças com outros instigante texto teatral (também já levado ao cinema), << Sleuth >>, está peça exigia um tratamento muito vigoroso para não cair no lugar comum. Sem apelações para recursos cinematográficos extras - tanto é que 90% da cenas tem lugar num mesmo espaço - Lumet conseguiu dar a << Armadilha Mortal >> (Cine Center II hoje, 15, 17 e 19 horas) um ritmo como não víamos há muito tempo na tela. A decisão de Sidney Brunehl (Michael Caine), um teatrólogo em decadência, em << roubar> o argumento de um jovem promissor, Cliford Anderson (Christofher Reever) - que convida para vir a sua casa, assassinando-o defronte a sua esposa, Myra (Dyan Cannon) é o ponto de partida para uma trama inquietante, com bons momentos de suspense - e a qual se junta uma quarta personagem, Helga Ven Dorp (Irene Worth), parapsicóloga holandesa cuja especialidade é apontar a polícia objetos desaparecidos. A peça de Ira Levin tem diálogos inteligentes e o ritmo que caracterizam este autor, por sinal até agora fornecido 5 bons argumentos para o cinema. O primeiro foi o romance << a Kiss Before dying> (reeditado há pouco no Brasil pela Francisco Alves, com o título de << O Beijo da Morte >>), filmado em 1956 por Gerd Oswald e que no Brasil se chamou << Amor, Prelúdio da Morte >> (reprisado há menos de um mês na televisão). 12 anos depois o polonês Roman Polaski encontrou num teorrífico romance de Ira Levin (<< O bebê de Rosemary >>), o argumento para o seu mais famoso film. Outro romance de terror de Levin, << The steford Wives >> (Editado no Brasil pela Records, com o título de << As Possuidas >>), foi filmado em 1974, por Bryan Forbes, mas nunca chegou ao Brasil. Em compensação, << Os Meninos do Brasil >> (edição nacional da Francisco Alves), dirigido em 1978, por Franklin F. Schaffner teve uma produção sofisticada, elenco de superstars (Gregory Peck /Laurence Olivier /-James Mason etc.), mas fracassou nas bilheterias. São dados referenciais para situar as relações de Ira Levin e o cinema de transposição de maior ou menor sucesso. << armadilha Mortal >> é a sua primeira peça teatral vista na tela. Aqui os personagens são bem definidos e os diálogos bem construídos. A fotografia de Andrzej Bartkoeizk consegue uma movimentação ágil - especialmente com tomadas do plano superior. A música de Johnny Mandell, utilizando instrumentos e ritmos característicos da idade média, é excelente - lamentando-se que esta trilha sonora não tenha saído no Brasil. No elenco, Christopher Reeve se esforça para deixar de ser o << superman >> mas não consegue, Michael Caine é um ator experiente mas o melhor ficam com as duas mulheres: Dyan Cannon compõe o tipo perfeita da esposa Worth, como a velha holandesa, aproveita o máximo todas as suas intervenções.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
25/10/1983
Qual é o resultado final, de uma peça de teatro, ser feito na tela, ou dividido, hora no teatro e hora na tela, isso em uma unica apresentação, é perigoso fazer? Tem resultado satisfatórios? Ou perde a magia do Teatro?

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