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Aramis

O "Despertar" do som mineiro de Silvestre

Jairo Amancio Teixeira de Carvalho, mineiro de Belo Horizonte, mas hoje curitibano por adoção, há 15 anos, quando aqui chegou, encontrou no radialista Sérgio Silva um parceiro com quem fez músicas marcantes. Duas delas - "Morte Expressa" e "Era Uma Vez, O Tempo", ficaram em 2º e 3º lugar num dos (poucos) festivais de MPB de nível realizados em Curitiba na década de 70 - e que revelou a então adolescente Rosy Greca com seu emocionante "Concepção". Hoje, quarentão e estabilizado no próspero representante de grandes grandes empresas insdustriais, Jairo Carvalho não deixou o violão e suas composições. Ao contrário, tem mais de 150 belas músicas, inéditas, 10% das quais animou-se a colocar num disco independente, ainda em fase de planejamento. xxx O que levou Jairo Carvalho a vencer uma certa timidez e colocar, em público, o seu talento musical foi o sucesso que um amigo de infância, José Augusto Silvestre, 36 anos, vem obtendo em Minas Gerais com um elepê independente ("Despertar", lançado em maio/88), no qual leva adiante um trabalho que, há quatro anos, havia mostrado em outra produção alternativa ("Nem A/ Nem B"), com João Carlos, e que, tivemos o prazer de enaltecer na edição de 11/3/84, de O Estado do Paraná. Dentro das muitas veredas musicais que fazem de Minas Gerais um rico Estado em termos de talentos, José Augusto Silvestre é uma espécie de lobo solitário. Embora admirando a chamada "Turma da Esquina", que teve m Milton Nascimento o grande líder - e hoje é conhecida nacionalmente - Silvestre procurou sua própria linha. Também o chamado grupo do Vale do Jequetinhonha - no qual desponta Rubinho do Valle (dois elepês independentes gravados; vencedor de 6ª Feira da MPB, em Avaré, julho último) não o seduziu. Em "Despertar", José Augusto Silvestre é autor das dez faixas, toca violão, canta e fez os arranjos,. Quatro músicos de sua geração, identificados às suas propostas sonoras - Ari Andrade na guitarra; Bill Lucas na bateria; Zé Dias no baixo, especialmente, o violinista, Teca Ribeiro, estão em todos os momentos. Numa proposta avançada (e arriscada), Silvestre deu grande espaço para o violino de Rabelo, experiência que não é comum na música popular. As músicas de José Augusto Silvestre falam de terra, do amor, das pessoas simples - com letras bem colocadas. Ao menos em dois momentos, fica apenas no instrumental ("Valsa Latina" ou "Frederico, o canhoto" e "Páscoa Pascoal"). xxx Silvestre é um dos muitos talentos mineiros, de grande público naquele Estado (outro exemplo é Paulinho Pedra Azul, que tem agenda das mais disputadas e cujos discos independentes esgotam-se por lá mesmo) que gostaria de intercambiar suas experiências. Através de seus amigo Jairo Carvalho está estudando uma temporada no Paraná, mas só possível de ser viabilizada com um bom patrocínio - pois apresentações avulsas de artistas regionais, em nossos teatros (especialmente no Paiol) oferecem grandes riscos. Um programa de integração dos músicos-compositores-intérpretes do Paraná com outros Estados, num planejamento cuidadoso, seira uma das metas que a futura (?) divisão de música popular da Secretaria da Cultura poderia desenvolver. Afinal, está na hora de romper a ditadura imposta pelo eixo Rio-São Paulo e possibilitar que tantos nossos melhores criadores, como os de outros Estados (Minas, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso, etc) possam se fazer mais conhecidos - e ao menos aqui virem para divulgar suas produções alternativas. xxx A propósito. Se alguém tem interesse em ouvir "Despertar", o elepê independente de José Augusto Silvestre, pode solicitá-lo pelo reembolso postal (Rua São Lucas, 457 - sala 31, bairro da Sagrada Família, CEP 31030, fone 461-7227, Belo Horizonte). LEGENDA FOTO - Silvestre: dando exemplo de produção alternativa.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
19/08/1988

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