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Aramis

O exemplo da Academia que a França vai apoiar

Na excelente administração que vem fazendo na Secretaria da Cultura de São Paulo, o jornalista Fernando Moraes preocupou-se em desenvolver um programa especial para estimular o vídeo documental. Assim foram estabelecidos projetos para que equipes de videastas saíssem com câmeras VHS, interior afora, documentando os aspectos mais diversos dos vários pontos do Estado. Graças a isto, só uma instituição - a The Academia Brasileira de Vídeo - pode concluir nada menos que 11 dos 17 vídeos previstos (6 foram suspensos, devido a redução dos recursos nos últimos meses), com trabalhos dos mais interessantes. Dois deles, concorrendo na área de documentário do I FestVideo de Maringá, mostraram os bons frutos deste projeto: "Judas e Satanás do Vale do Sol", de Hélio Admilson Silva, resgata o registro de uma tradição, não só na cidade de Itú, onde foi realizado (com a participação técnica de um grupo de apoio local), mas de vários outros pontos do país: a malhação do Judas no sábado de Aleluia. Também em Itú, cidade folcloricamente conhecida pelo exagero com que seus habitantes atribuem a tudo que ali existe, foi rodado "Cidade Cinema / Vale do Sol", de Carmen Camargo, que documenta um aspecto importante - mas esquecido - da história do cinema brasileiro: o grande número de filmes ali feitos entre os anos 60/80. Desde bang-bangs sertanejos como "Rogo a Deus e Mando Bala" à comédias aparentemente eróticas como "O Bem Dotado", ali tiveram exteriores rodados, aproveitando as excelentes condições geográficas - belos cenários naturais - facilidades de transporte, etc., e a luminosidade da região. O cineasta Oswaldo de Oliveira (1931-1990) foi um dos que ali locou muitos de seus filmes e prestou o último depoimento a respeito justamente sobre esta fase. Hoje, naturalmente, o cinema é uma memória distante para Itú, já que a nossa indústria cinematográfica entrou em derrocada a partir de 1987. Mônica Engelbrecht Deduck, 32 anos, uma das proprietárias da The Academia Brasileira de Vídeo, após a realização de vídeos abordando aspectos diversos nos municípios de Itú, Bariris, Registro, Santa Rosa do Vitergo, Pindamonhagaba, Americana, Penápolis, Peruíbe e Baurú, prepara-se para um salto maior: Pierre Bonjouvauni, diretor do Festival de Vídeo de Montebelieur, na França, após conhecer os seus vídeos, se interessou em coordenar um projeto multinacional. Para tanto, Mônica viaja à França em fevereiro, onde iniciará uma série de contatos com instituições culturais interessadas em financiarem projetos de documentação da América do Sul e que, segundo Pierre, podem sensibilizar-se com a praticabilidade da proposta desenvolvida pela The Academia Brasileira de Vídeo. - "Com o que se gastaria numa média metragem, em 35mm, é possível fazer quatro ou cinco vídeos de ótima qualidade", garante Mônica, otimista em relação a que havendo ajuda internacional - especialmente em equipamentos - o projeto possa se estender a vários estados.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
24
08/12/1990
A The Academia Brasileira de Vídeo foi a primeira escola de vídeo do Brasil na qual fui aluno nos módulos de Direção e Linguagem Videográfica.

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