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Aramis

O festival de cinema das mulheres em Mar Del Plata

Tetê de Moraes passou por Curitiba de retorno de Mar Del Plata, Argentina, no qual seu filme "Terra Para Rose" foi exibido na abertura do II Festival Internacional de Cine Realizado Por Mujeres (7 a 9 de março). Nos anos 50/60, Mar Del Plata tinha um festival internacional de cinema - que acabou devido aos problemas políticos da Argentina. Hoje a vaga de uma mostra internacional, competitiva, na América do Sul, está ocupada pelo FestRio. Assim, a associação La Mujer y El Cine, presidida pela cineasta Beatriz Villalba Welsh, vem promovendo desde o ano passado uma mostra reunindo trabalhos que são realizados por mulheres em todos os países. Este ano, houve presenças especiais como a da alemã Margarethe von Trotta, que ali levou "Três Irmãs" (Furchten und Lieben), baseada em Checov; Lina Wertmuller, com "Camorra" (já exibido no Brasil); "Diário para mis amores" (Naplo Sxerelmenneck), da húngara Marta Meszáros; "Mignon se marchó", da francesa Francesca Archibugi; "Ander eta Yul", da espanhola Ana Diez e "High Seasons", de Clare Peploe (mulher de Bernardo Bertolucci) - apresentado no FestRio-88. O Brasil teve além de "Terra Para Rose", a participação de "Patriamada", de Tizuka Yamazaki e "Eternamente Pagú", de Norma Bengell, numa mostra paralela. Entre os curtas-metragens, foram levados "O Bebê", de Ana Maria Magalhães e "Gardênia Azul", de Cecília Saint-Pierre, representando o Brasil. Mostras paralelas - precursoras do cinema argentino, retrospectivas de realizadoras francesas e alemãs, mostra de vídeos, contribuíram para dar a La Mujer y El Cine uma grande dimensão. xxx Tetê Moraes é hoje uma cineasta de grande trânsito nos países latino-americanos. No final de 1987, após seu "Terra Para Rose" ter levantado o prêmio de melhor filme do 9º Festival Internacional de Havana, foi à Nicarágua. Ali, acertou a realização de um documentário com Ivan Anguello, intitulado "Dos Miradas" (Dois Olhares), no qual filmará naquele país enquanto o cineasta nicaragüense virá realizar seu filme no Brasil. Com características próprias, o projeto lembra "Brascuba", a produção de Ney Srouvitch (há um mês na direção comercial da Embrafilme, numa feliz escolha para tentar dinamizar a estatal) que trouxe Santiago Alvarez para filmar no Brasil e levou Orlando Senna a Cuba. Concluído há dois anos e levado a festivais, "Brascuba" ainda está inédito no Brasil. Também "Rio-Leningrado", primeira co-produção Brasil-URSS, viabilizada por Carlos Ribeiro Prestes, editor do jornal Cine Imaginário, mostrou visões do Rio de Janeiro e de Leningrado, cidades irmãs, através de cineastas diferentes. xxx Ivan Arguello, que dividirá com Tetê Moraes o projeto "Dos Miradas", é o primeiro cineasta a fazer um longa-metragem na Nicarágua: "Mujeres da Fronteira". Uma cópia deste filme foi entregue a Valquiria Barbosa, diretora do Rio-Cine Festival, que vem procurando mostrá-lo como um exemplo de um novo cinema que surge na América Central. Outro filme produzido pelo Instituto de Cinema da Nicarágua é "Espectro de La Guerra", de Ramiro Lacayo - que ainda não teve nenhuma exibição no Brasil.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
15/04/1989

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