O Festival que Curitiba perdeu
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 21 de janeiro de 1988
O Paraná poderia hoje liderar, tranqüilamente, os cursos e festivais internacionais de música de verão se a política cultural iniciada no final da primeira administração Ney Braga e consolidada no governo Paulo Pimentel não tivesse sido interrompida. Infelizmente, a mediocridade cultural das administrações que se seguiram ao governo Paulo Pimentel, nos anos 70, fizeram com que dois grandes eventos - o Concurso Nacional de Contos e o Festival Internacional de Música fossem esvaziados pouco a pouco, até a total desativação.
A Pró-Música de Curitiba, fundada em abril de 1962, foi que, em fins de 1964, no final do governo Ney Braga, idealizou e organizou o Curso e o Festival Internacional de Música, que tendo direção artística do maestro Roberto Schnorrenberg se consolidaria nos seis meses seguintes. Henriqueta Duarte e o padre José Penalva, entre outros, ao lado do gordo e irascível - mas competente - Schnorrenberg, fizeram aquele evento alcançar prestígio internacional, graças ao nível dos professores e concertistas que, durante os meses de janeiro entre 1965/71 faziam de Curitiba uma cidade extremamente musical.
Reestruturado em 1974, com direção do maestro Isaac Karabitcheveski, o evento teve uma abertura em termos de professores - inclusive com a participação de nomes como Egberto Gismonti e Dory Caymmi, mas sofreu muitas críticas. No ano seguinte, voltaria a ser dirigido pela Pró-Música que, faria ainda mais duas edições. Por quatro edições, os melhores momentos dos Festivais foram editados em álbuns - no início simples, depois duplos e até um triplo, em seu último ano.
Em Londrina, anos depois, criou-se um Festival de Música, em julho, que nos três primeiros anos, graças ao prestígio do maestro Norton Morozowicz, seu diretor artístico, alcançou repercussão nacional. Vem se mantendo com muitas dificuldades. Em Curitiba, modestamente, a Secretaria Municipal de Cultura promove desde 1982 uma "Oficina de Música", em janeiro, sob direção de Paulo Bosisio - mas sem ainda maior repercussão - apesar de atrair estudantes de várias partes do país.
O Festival/Curso Internacional de Música do Paraná estaria completando neste ano a sua 23º edição, se aqui não existisse a antropofagia que condena a vida efêmera as melhores promoções culturais.
LEGENDA FOTO - Henriqueta: organizou os bons festivais de música do Paraná.
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