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Aramis

O garimpeiro da História não oficial

José Joffily poderia ter sido governador da Paraíba e estar até hoje entre os líderes de maior expressão política do Brasil. Vigor, competência e combatividade não lhe faltam. Do garoto que teve que aumentar a idade para ser admitido nas tropas legalistas da Revolução de 1930, ao historiador que não teme em remexer nos mais delicados aspectos da história, houve sempre a coerência ideológica, política e intelectual. Advogado, deputado estadual e federal pela UDN (mas do bloco nacionalista), trocou, em 1960, uma tranqüila eleição para o Senado, ao assumir a legenda do Partido Socialista Brasileiro, e que interromperia sua trajetória política que o conduziria ao governo da Paraíba. Por sua atuação nacionalista, esteve na primeira lista dos cassados em abril de 1964 - o que o fez revelar o seu lado empresarial - inicialmente no mercado de seguros, depois fundando a Herbitécnica, em Londrina - hoje uma das maiores empresas do setor. O historiador e pesquisador, que já vinha com trabalhos discretos desde os anos 40, passou a ocupar suas horas de folga e sucederam-se mergulhos na revisitação da história brasileira. Assim, a "love story" da professora Anayde Beiriz (1905-1930) e João Dantas (1889-1930), que terminaria no assassinato de João Pessoa (1878-1930) - pivô da revolução de 1930 - se transformaria num livro que Tizuka Yamazaki levou ao cinema ("Parahyba Mulher Macho", 1982). Outra "love story" que terminou em tragédia - José Ribamar Mendonça (1908-1952), empregado da Ullen Company, em São Luiz do Maranhão, demitido às vésperas do casamento, matou o mau patrão, John Harold Kennedy (em 30/09/1933), e, absolvido em três júris, provocaria interferências do Departamento de Estado na justiça brasileira. "Morte na Ullen Company" virou roteiro e está sem fase de pré-produção, com realização do primogênito de Joffily, o cineasta Zezinho - que pensa em Peter Fonda para viver o americano. A colonização do norte do Paraná, especialmente Londrina, foi revista num trabalho polêmico ("Londres, Londrina"). A vida e a participação do alemão Harry Berger na Intentona Comunista resultou no livro lançado no ano passado pela Scientia et Labor / Paz e Terra - entre outros temas que, incansável, Joffily está sempre a pesquisar - num trabalho extraordinário.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
16/10/1988

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