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"O Grito", o melhor dos programas

Numa semana de pouquíssimas estréias, dois destaques muito especiais: um clássico na obra de Michelangelo Antonioni ("O Grito", Cinemateca, de hoje a domingo) e mais um show de interpretação de Merryl Streep, hoje a mais importante atriz americana desta vez dirigida pelo australiano Fred Schepisi ("O Mundo de Uma Mulher", Cine Condor, desde ontem). "O Grito" (Il Grido), com roteiro desenvolvido em colaboração com Elio Bartolini e Ennio De Concini, era um amargo drama de um homem de meia idade, Aldo (Steve Cochran), que após a morte de sua esposa, Irma (Alida Valli), parte para um longo caminho, ao lado da filha, Rosina, em busca do sentido da vida. Denso, profundo e extremamente triste e pessimista, este filme dilacerante de Antonioni só chegaria ao Brasil em 1965, após o reconhecimento crítico (e mesmo por parte de público), pela trilogia "A Aventura" (L'Aventura, 1959); "A Noite" (La Notte, 1960) e "O Eclipse" (L'Eclipse, 1961). Rodado em preto e branco, com fotografia de Gianni Di Venanzo, "O Grito" captou, como raros filmes italianos, toda a aridez de uma região pobre da Itália. A música de Giovanni Fusco é igualmente densa e profunda, compondo o emolduramento perfeito a este filme rodado entre o inverno de 1956/57 e que teve suas premiéres em Locarno (14/7/57), Roma (29/11/57) e Paris (3/12/58), obtendo o Grande Prêmio da Crítica no Festival de Locarno (1957) e o prêmio da jovem crítica em Colônia (1960). xxx Muitos críticos americanos acreditam que Merryl Streep poderia ter concorrido ao Oscar de melhor atriz-86 por dois filmes: como a escritora Isak Dennisen em "Entre Dois Amores" (Out of Africa, de Sidney Pollack) e pela sua criação de Susan Traherne em "O Mundo de Uma Mulher" (Plenty). Realmente, Merryl Streep - já por duas vezes premiada com o Oscar (melhor coadjuvante "Kramer x Kramer"; atriz principal "A Escolha de Sofia"), está esplêndida neste filme que o australiano Fred Schepisi - em sua estréia no cinema americano - realizou com base numa peça de David Hare. Uma história que começa na França, durante a ocupação nazista e que se estende por muitos anos, "Plenty" tem grandes momentos de interpretação de Merryl, ao lado do veterano e sempre admirável John Gielgud e Sting, o ex-Police, cada vez mais integrado ao cinema sério (a exemplo de outro roqueiro, David Bowie). A produção de "O Mundo de Uma Mulher" é de Joseph Papp - o famoso animador cultural de Nova Iorque (teatros, cinemas de arte, etc.), associado a Edward R. Pressman e apesar de distribuído pela UIP, a produção traz o símbolo da RKO - estúdio histórico dos anos 40.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Picles
11
20/06/1986

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