O humanista Newton com suas lições de vida
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 11 de novembro de 1991
Ao receber o Prêmio Alfred Jurzykowski na Academia Nacional de Medicina, no Rio de Janeiro, o cientista Newton Freire Maia, 73 anos, agradeceu em nome dos quatro agraciados - ele e os professores Octaviano Alves de Lima Filho, Nelson da Silva Porto e Eleutério Brum Negreiros. Num discurso emocionante, refletindo sua dimensão de cientista dos mais brilhantes e homem de fé - ex-marxista que se reencontrou com Deus e a espiritualidade há 15 anos - Freire Maia abordou questões ligadas a Ciência e a Ética, a Fé e a Sociedade.
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Assim, desenvolvendo o pensamento de que "a ciência não é neutra como pensam alguns, pois pode estar a serviço do bem e do mal" - e citando o exemplo da energia atômica (que tanto pode destruir mundos como permitir a cura do câncer), disse Freire Maia em sua inteligência e lucidez:
- "A ciência em processo deve depender da ética. Um mundo em que a ciência fosse absolutamente livre para realizar tudo o que quisesse seria um mundo marcado pela insensibilidade moral. Por este motivo, não se deve desejar uma ciência livre de todas as peias mas, pelo contrário, uma ciência que esteja a serviço do povo e limitada em seus vôos pelos imperativos morais".
Com uma clareza notável, Freire Maia, mineiro de Boa Esperança, mas desde 1950 morando em Curitiba, criticou o aborto e falou da vida, lembrando que "cada progresso científico amplia a consciência de nossa ignorância mais profunda, uma vez que sempre nos abre a visão de novos problemas a resolver, dos quais antes não tínhamos a menor idéia. O progresso da ciência faz-nos ver, pois, cada vez mais, como nada sabemos do que significam a ultimidade de Deus e a provisoriedade de tudo o mais".
LEGENDA FOTO - Newton Freire Maia: ao receber um novo prêmio, palavras de amor à vida.
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