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Aramis

O mestre Jacob

Dispondo de um dos mais ricos acervos da música popular brasileira, a RCA Victor tem, ao longo dos últimos 15 anos, produzido algumas séries documentais. Infelizmente, sempre faltou [à] sua direção o bom senso para contratar um record-man de grande sensibilidade e preocupação de pesquisador musical, capaz de dar regularidade e senso bibliográfico [às] reedições, assim como João Luiz Ferretti vem fazendo na "Série Histórica" da Continental e produções avulsas da Chantecler. Desta forma, pelo selo Canden, aparecem reedições importantes, mas avulsamente, sem um trabalho organizado. Há dois anos, Pedro Cruz, orientou algumas produções (Série Grandes Intérpretes), que tiveram textos de contracapa de Ferreti. Infelizmente, após o 5º volume, dedicado a Gastão Formenti (1894-1973), a coleção foi interrompida. Agora, com um selo chamado Disco de Ouro, a RCA Victor edita "Ao mestre Jacob do Bandolim com Saudade" (Candem 1070201, março/75), prejudicado pela ausência de qualquer nota explicativa sobre a importância do instrumentista e compositor Jacob Bick Bittencourt (14 de fevereiro de 1918 - 13 de agosto de 1969) dentro da música popular brasileira. De maio de 1949 até falecer, Jacob Bittencourt esteve na RCA Victor, ali gravando com o seu fabuloso grupo Epoca de Ouro (até hoje em atividade) uma série de 78rpm e Lps, grande parte já reeditada pela Candem. Destes discos, infelizmente dificilmente encontráveis nas lojas (embora continuem em catálogo) são as faixas reunidas nesta produção, válida como documento fonográfico, mas que mereceria ter um tratamento mais cuidadoso, com algumas observações sobre a obra de Jacob do Bandolim. De qualquer forma um bom disco de nossa mais autêntica MPB. Faixas: "André de Sapato Novo" (André Victor Correa), "Brejeiro" (Ernesto Nazereth), "Pé de Moleque" (Jacob), "Murmurando" (Fon Fon-Mario Rossi), "Boa Preta" (Jacob), "Receita de Samba" (Jacob), "Flor de Abacate" (Alvaro Sandim), "Assanhado", "Vibrações", "Doce de Coco", e "Isto é Nosso", todas de Jacob: "Lingua de Preto" (Honório Lopes), "Lamento" (Pixinguinha-Vinicius de Moraes) e "Não Me Toques" (Zéquinha de Abreu). Para quem sabe apreciar o choro, eis um elepê indispensável.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Jornal da Música Popular
44
27/04/1975

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