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O MIS preservará imagens do Iguaçu

Antes de passar a direção do Museu da Imagem e do Som para sua sucessora, a jornalista Marisa Vilela, o múltiplo Valêncio Xavier conquistou mais um notável acervo para esta instituição que, graças a sua administração, deixou de justificar a adjetivação cunhada ironicamente pelo pintor e humorista Fernando Velloso: "Museu da Imaginação". Valêncio Xavier, com habilidade e criatividade, conseguiu fazer aquilo que em 25 anos não havia acontecido - dar ao MIS uma condição de unidade atuante, a partir de uma sede condigna - teve a alegria de, nesta semana, receber um os mais preciosos acervos para a área de filmes: mais de 20 anos da história contemporânea dos cinegrafistas que, desde dezembro de 1967, passaram pelo departamento de telejornalismo da TV Iguaçu. Numa atitude das mais generosas, o presidente da TV Iguaçu, ex-governador Paulo Pimentel - justamente em cuja administração o Museu da Imagem e do Som foi implantado (graças a então competente diretora da Biblioteca Pública do Paraná, Nancy Westphalen Corrêa), milhares de pés de filmes em 16mm, totalizando 50 horas de filmagens e distribuídos em 300 latas, estão agora nos depósitos do MIS-PR. São reportagens das mais diversas - do comercial ao policial - que foram ao ar desde que a TV Iguaçu começou a operar, com seu departamento de jornalismo pioneiramente dirigido por Ducastel Nycz, e no qual o programa "Show de Jornal", editado por Adherbal Fortes de Sá Júnior e Renato Schaitza - e apresentado por Jamur Júnior, Jota Jota (João José de Arruda Neto, hoje principal executivo da TV Paranaense) e Laís Mann (hoje diretora da revista "Panorama", em nova fase), era a principal atração. Desde que este material seja classificado e, principalmente, bem preservado, ficará a disposição de futuros trabalhos de pesquisa e mesmo produção de documentários sobre o nosso Estado. Quando a TV Paraná deixou de pertencer a Rede Associada, o precioso acervo que ali existia foi, em grande parte, perdido, já que não houve preocupação em preservá-lo e centenas de horas filmadas a partir de 19 de dezembro de 1960, quando de sua inauguração, foram simplesmente jogadas fora. Felizmente, um veterano cinegrafista da organização, Alceu Honório, teve o bom senso de salvar uma parte deste material, em cuja posse conserva até hoje. Através do publicitário e ex-ator Idelson Santos, chegou a tentar vender o precioso material para algumas instituições, mas não encontrou recepção. O próprio MIS-PR, a quem foi oferecido, não dispunha (como continua não dispondo) de condições financeiras para pagar o que Alceu acha que os filmes valem. Outros exemplos de memória filmada que se perderam: quando José Vieira Sibut (1908-1980), vendeu a antiga Famma Filmes, que funcionava num casarão anexo a Sociedade Thalia, na Rua Comendador Araújo, milhares de cinejornais, muitos dos quais rodados pelo pioneiro Eugênio Félix (1907-1969), foram jogados como lixo, conforme testemunhas da época. Felizmente, o sucessor da Flag Filmes - o comerciante Júlio Kruger, dono das Produções Guaíra - hoje atuando no ramo do vídeo, graças a sugestão (e ajuda) da cineasta Lu Rufalco, classificou o acervo de sua empresa - e um pouco que restou dos tempos da Flag, dispondo assim de um acervo que permitirá, um dia, quando aparecer um cineasta com o talento de Silvio Tendler ("Os Anos JK", "Jango"), fazer uma obra na linha de "Os Anos de Ney Braga", ou coisa parecida. Só que Kruger, como comerciante astuto, valoriza bastante seu acervo e se irrita se alguém falar em doação. Em Londrina, um pioneiro de cinejornais da região Norte, Eduardo Melito, da Riltom Filmes, dispõe também de excelente acervo, que estaria inclusive disposto a negociar com o Museu da Imagem e do Som, desde que tenha uma justa compensação. Enfim, as imagens do passado podem ser salvas - do pouco que resta - desde que se dêem as mínimas condições para isto.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
20
21/03/1991

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