Login do usuário

Aramis

O novo secretariado

Mesmo não confirmada oficialmente - mas tida praticamente como certa em sua maioria - a lista com os nomes do futuro Secretariado do Governo Álvaro Dias tronou-se nos últimos dias o assunto principal em qualquer reunião. A coincidência da época de festas de Fim-de-Ano em proporcionar múltiplas reuniões afetivas faz com que um assunto domine as conversas: o acerto com que Álvaro vem formando sua equipe. Mesmo os que se alinharam na oposição, nas últimas eleições, temendo que Álvaro Dias viesse a repetir o desastroso governo José Richa, reconhecem que, muito pelo contrário, está demonstrando uma corajosa independência - tanto das pressões de seu antecessor como do patrulhamento ideológico-partidário peemedebista. Disposto a governar com o PMDB - mas não deixar que o PMDB o governe ou seja, homem do partido desde que começou na vida política, há 20 anos, Álvaro Dias não pretende, entretanto, que injunções apenas partidárias o prejudiquem em seu plano de bem administrar o Paraná. Afinal, para um jovem de 40 anos, que vem numa carreira de vitórias cada vez mais expressivas, o futuro é amplo - e uma feliz administração no Paraná contará muito para justos vôos maiores. xxx Assim, sem se ater a critérios geográficos ou imposições de caciques políticos - como fez José Richa, que formou um secretariado cinzento e sem expressão (salvo honrosas exceções), Álvaro está sabendo buscar aqueles homens realmente identificados com os setores e que acima da honestidade e competência, sabem somar forças, criar condições para resgatar o que se perdeu nas diferentes áreas. Por exemplo, a escolha feita para a Secretaria de Segurança Pública foi outro momento iluminado (como já havia sido ao convidar o advogado René Dotti para a pasta da Cultura). O promotor Antonio Lopes de Noronha, 44 anos, que anteriormente desempenhou as funções de diretor da Polícia Civil, é o exemplo do homem certo para uma função realmente difícil. Ex-líder estudantil - foi presidente do Centro Acadêmico Hugo Simas entre 1961/62, quando teve como vice-presidente o sempre lembrado José Octávio Guizzo (até pouco tempo, presidente da Fundação Cultural do Mato Grosso, em Campo Grande) - Noronha sempre mostrou grande habilidade política e, sobretudo competência profissional. Fez bela carreira no Ministério Público, galgando promoções por merecimento e chegando, ainda jovem, praticamente ao ponto mais alto da carreira. Extremamente bem relacionado no meio judiciário - basta lembrar que o seu sucessor no Cahs, em 1963, foi o hoje desembargador Otto Luís Sponhols - Antonio Lopes de Noronha assumirá uma pasta que exige firmeza, independência e habilidade. Outra escolha feliz foi a do advogado Antonio Acir Breda para a Justiça. Contemporâneo de Noronha e Otto Sponhols na Faculdade de Direito da UFP, Breda também se destacou - como René Dotti e Sponhols - na defesa dos direitos de inúmeras pessoas que, a partir de 1964 (e, especialmente, 1968 em diante) foram perseguidos pela Ditadura. Advogado brilhante é, até hoje, um dos profissionais mais atuantes na Justiça do Paraná. xxx Habilidosamente, a área empresarial somou-se com o convite para a ida do elétrico José Carlos Gomes de Carvalho para a Secretaria da Indústria e Comércio. Um executivo da dimensão de Fernando Antonio Miranda - o mais eficiente secretário do governo tampão de João Elísio Ferraz - não poderia ser desperdiçado. Também o prestígio de Carvalho, dirigente de 33 empresas e líder nacional do setor de revendedores de automóveis, somaria pontos. Assim, enquanto Miranda ganhará uma função especial - o comércio exterior e a coordenação dos escritórios regionais do Paraná, Carvalhinho vai para a Indústria e Comércio. Levando não só sua experiência empresarial mas também a sensibilidade de quem sempre gostou de teatro e artes plásticas (chegou a fazer parte nos anos 60 do grupo amador de teatro do Colégio Estadual do Paraná), disposto a utilizar toda sua influência para convencer os empresários paranaenses a aplicarem recursos dentro do que permite a Lei Sarney. Outra boa escolha: o deputado Mario Pereira, engenheiro civil, catarinense há anos radicado em Cascavel, e que se destacou em seu primeiro mandato legislativo, como um dos melhores parlamentares. Mesmo boicotado pelo ex-secretário da Cultura e Esportes em um de seus mais importantes programas - o de estímulo aos esportes junto às crianças nas cidades do Interior - Mario Pereira foi um deputado ativíssimo, sempre presente nas sessões e que, por isto mesmo, foi reeleito com facilidade. Agora, na Secretaria da Administração, trará sua experiência de técnico e administrador, somada ao jogo de cintura de político. O retorno de Belmiro Valverde Jobim Castor ao primeiro escalão é o mais sutil tapa de luva (de boxe) na incoerência de José Richa que, no maior escândalo de seu governo demitiu-o da Secretaria do Planejamento quando ele denunciou o escândalo dos dólares. Homem da maior competência, Belmiro na Educação significará, no mínimo, melhores tempos de diálogo entre governo e professores. Vinícius Coelho - até agora o mais forte nome para a Fundação (ou Secretaria) dos Esportes, a ser criada, é, como o jornalista Fábio Campana, na Comunicação Social exemplo de jornalista que soma anos de experiência para, agora executivamente, tentar concretizar ao menos um pouco do que sempre batalhou nas colunas da imprensa.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
2
28/12/1986

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br