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Aramis

O piano vanguardista de Affonso

Para quem se queixa de que um concerto de piano é monótono e sempre igual, a Fundação Teatro Guaíra programou um recital com um pianista que absolutamente abomina o convencional: Paulo Affonso de Moura Ferreira, ex-diretor do Departamento de Música da Universidade de Brasília onde continua a lecionar. É um dos maiores entusiastas da chamada "música contemporânea" no Brasil. Moura Ferreira foi um dos primeiros músicos brasileiros de formação erudita (quase 10 anos de cursos na Alemanha). A trazer as experiências de John Cage, Berio, Stockhauser, Pierre Boule e outros mestres do som contemporâneo para o nosso país. O concerto de Paulo Affonso com ingressos a Cr$ 5,00, tem tudo para ser um evento muito especial. Por exemplo, programou a peça "(Seqüência( Estéril" ou "A Monotonia dos Palcos" de Jamil Maluf, que explica como "uma sátira mordaz aos narcisismos de certos pianistas culturalmente alienados e ao esquema tradicional dos concertos solenes, com sua atmosfera artificialmente solene e quase mística". Paulo Affonso considera esta peça como um dos poucos exemplos sucedidos de "teatro instrumental"? Responde Paulo Affonso: "É onde o compositor valoriza o elemento visual inerente ao concerto ou chega mesmo a tornar movimentos e ações dos intérpretes o elemento mais importante, passando sons a terem uma função acessória". Mas essa experiência oferece muitos perigos: geralmente os músicos não são atores e nem os bons compositores conseguem atingir culminâncias dramatúrgicas. "Há mesmo, diz o pianista, (freqüentes( exemplos de peças de teatro instrumental que não passam de fracos stetches mal representados". Mas a obra de Jamil Maluf, que os curitibanos conhecerão na segunda-feira, não tem este risco: seu conteúdo é autêntico, intrinsecamente ligado à nossa realidade e bastante original. No Brasil, hoje, além de Paulo Affonso, há vários grupos de música contemporânea, desenvolvendo um trabalho experimental. Entre outros, o "Musicanovabahia" o "Ars Contemporânea", o "Madrigal Ars Viva" e o "GenUnb", da Universidade de Brasília. LEGENDA FOTO - Paulo Affonso
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
4
19/08/1977

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