O tutu de Caetano
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 05 de abril de 1975
Fazendo pela primeira vez um show em Curitiba, Caetano Veloso (ginásio do Circulo Militar, dia 12, 21 horas) espera faturar mais de Cr$ 100 mil. O trêfego compositor-cantor baiano é a galinha-dos-ovos de ouro do empresário Guilherme Araújo, 37 anos, que, focalizado em matéria de capa de Expansão - A Revista Brasileira de Negócios (24/12/74) revelou que é graças aos que faturam artistas de público certo como Cae, Gilberto Gil, Gal Costa e Raul Seixas que pode manter os shows de artistas de prestígio, mas de pouca rentabilidade, como Jorge Mautner, Luiz Melodia, Rosinha de Valença;, João Donato, Moraes Moreira e Péricles Cavalcanti - estes dois últimos ainda desconhecidos. Por exemplo, a temporada a que Caetano fez no Tuca, de São Paulo, de 13 a 18 de agosto/74, rendeu Cr$ 159.810 cruzeiros, com líquido rateado de Cr$ 66.597 cruzeiros. A Gapa recebeu 13.319 cruzeiros e os l80% que caberiam a Caetano foram divididos em duas parcelas de 26.639 cruzeiros, uma para ele, outra para os músicos. Em compensação, as temporadas de Jorge Mautner, em São Paulo (de 22 de outubro a 3 de novembro), Rio de Janeiro (5 e 6 de novembro) e Belo Horizonte (16 a 18 de novembro), arrecadaram, apenas 26.397 cruzeiros, para um gasto na produção de 51.146 cruzeiros, o que significa um déficit, sem nenhuma remuneração de empresário, de 24.749 cruzeiros. Este déficit é debitado ao artista, mas só será pago, sempre sem juros e sem correção, se um dia o seu sucesso poder cobri-lo. Isso demonstra que são precisos alguns Caetanos para valer o risco de investimento num Mautner.
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