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Aramis

Observatório

A partir de hoje - e durante 10 dias, um espetáculo de especial significado estará sendo apresentado no miniauditório Glauco Flores de Sá Brito do Guaíra (entrada pela Rua Aminthas de Barros): Denise Stocklos. Para quem, como nós, acompanha os passos desta iratiense de muita voltagem/criatividade desde que aqui chegou, há 16 anos, é particularmente feliz revê-la num palco, numa arte com pouquíssimos especialistas no Brasil: a mímica. Há alguns meses, aqui registramos o sucesso que Denise vinha obtendo na Europa, especialmente em Londres, onde, em temporadas alternadas, apresentou o espetáculo que agora mostra em Curitiba, durante quatro meses. Nos últimos anos, Denise viajou por muitos países, sempre estudando teatro e, posteriormente, mímica, uma arte que o Brasil continua a ter no irreverente (e bastante irresponsável, embora talentoso) Ricardo Bandeira, o seu nome mais conhecido. Mas Denise é de outra escola - tanto artística como profissional, e graças a sua dedicação a arte, seus esforços em obter o melhor resultado, conseguiu elogios não só em Londres, mas na Alemanha França, e Bélgica, por onde também andou. De volta a Curitiba, para que aqui nascesse o seu segundo filho, aceitou permanecer algum tempo entre seus velhos amigos: deu um primeiro curso sobre mímica no TG (de tanta repercussão, que mereceria ter uma extensão), e agora faz esta temporada. Gostaria de desenvolver um trabalho mais amplo, ideal para dar movimentação ao oneroso e discutível Centro de Criatividade, bem como desenvolver alguns projetos destinados a infância, mas até agora não houve condições de viabilizá-los. O que será lamentável, pois no próximo ano, retorna a Europa e, em breve, talvez não tenha mais condições de aqui permanecer por longa temporada. Afinal, a velha história parece repetir-se: se quer vencer, vá lá fora primeiro. Que o diga Guimorvan, percussionista, ou outra Denise que deu certo, a ponta-grossense De Kalafe, há 11 anos fazendo sucesso no México e países vizinhos. PREVISTO para permanecer mais uma semana em cartaz, a cinebiografia " Elvis Não Morreu", com Kurt Russel no papel do rebolativo cantor de rock'roll, falecido há 3 anos, sai de cartaz do Vitória. Apesar da existência de um frenético fã clube, dirigido por valeria Prochmann, o filme não rendeu o que se esperava. O curioso é que para substituí-lo volta "Dio, Come Ti Amo", um dos filmes de maior lucratividade na história da fama Filmes. Importado há 15 anos, dentro de um lote de varias produções classes "b" e "c", por sugestão de João Aracheski hoje executivo da empresa no Paraná, está comedia romântica com Gigliola Cinqueti e Mark Damon, teve sua estreia nacional em Curitiba, onde permaneceu 8 semanas em exibição. Uma boa estratégia de lançamento possibilitou que se repetisse a operação em outras capitais e "Dio, Come Ti Amo" nunca mais parou de alcançar cifras impressionantes. Aliás, estava em reprise no Ópera, a 8 de janeiro de 1979, quando aquele cinema fechou. E o sucesso era tanto que passou para o Cinema I, onde fez mais 3 semanas. Agora, em cópia nova (é recensurado pela 3a vez), volta a ser exibido, só que tendo como distribuidora uma nova razão social: Taurus Filmes. Partindo da música de Domenico Modugno que venceu um festival de San Remo, no início dos anos 60, o filme é uma comédia pífia, em preto-e-branco, mas que tem um encanto especial ao público jovem, especialmente moças. Gigliola Cinquetti, que tinha 16 anos quando fez o filme, surpreendeu-se quando lhe contamos de que o mesmo era um dos grandes sucessos de bilheteria. "E curioso, pois na Itália se esgotou em pouco tempo, o que prova que os brasileiros são românticos", comentou. Eis aí um tema interessante: em plena época de permissividade e quebra de valores, o encanto que esta comédia ingênua desperta junto a jovens, mostra que nem tudo está perdido. OS aplausos foram unânimes: "Negrinho do Pastoreio", balé em 3 atos apresentado de quinta-feira a domingo, no horário vespertino, no Teatro Guaíra, valeu novos elogios a Milena Morowicz e suas coreógrafas, Agnalda Trinkel Miranda e Maria do Rocio Infante. Com 180 pessoas em cena - a maioria crianças de 7 a 123 anos, o espetáculo encantou pela simplicidade e bom gosto, com uma trilha sonora das mais felizes, inclusive utilizando dois números gravados pela Camerata Carioca e o pianista Radamés Gnatalli no Sir-Laboratório de Som & Imagem, para um disco ainda inédito. Um filme de animação, realizado por Oswaldo Miranda, trouxe atração especial a visão que Milena deu da lenda gaúcha, desenvolvida ao longo de três atos. Há dois anos passados, foi a lenda Saci Pererê que mereceu do Ballet Morozowicz, a segunda mais antiga escola de dança do Brasil, uma montagem cuidadosa. Agora, foi a lenda gauchesca, revivida com graça e muita ternura. LEGENDA FOTO 1 - Aplausos para o balé. POR telefone, o prefeito Jaime Lerner informa que a repercussão do "café-emergência" na Avenida Luiz Xavier foi tanta que continuará quando a Mesbla instalar o seu café, no terraço do edifício Hamdar (ex-Heloísa), o que foi aberto no calçadão, há 90 dias. É que movimento do café montado defronte ao Cine Avenida tem sido superior ao que se esperava, restabelecendo o hábito dos curitibanos de se encontrarem na "Boca Maldita" que, para horror de seu presidente, o advogado Anfrísio Siqueira, ameaçava acabar com o fechamento do "Damasco", quando o empresário Husseim Hamdar assinou um contrato com o grupo Mesbla, para transformar o antigo prédio do Cine Ópera numa superloja de departamentos. O que provocou o fechamento do antigo café, último dos moicanos da rubiácea na menor avenida do mundo. O "emergência" foi aberto em poucos dias e a experiência funcionou - de forma que, mais uma vez, o provisório torna-se definitivo, a pedido da própria população.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
9
15/10/1980

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