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Aramis

Oito estréias para que o público lote os cinemas

E, mais uma vez, aconteceu: Numa mesma semana, repleta de atrações paralelas em teatro, há uma conspiração de lançamentos com múltiplas estréias (e reprises) que, no mínimo, merecem serem vistas pelo público. Assim, haja tempo e energia para disciplinar agendas e acompanhar a programação cinematográfica - e o mais grave é que muitos dos (bons) filmes que desde ontem estão em cartaz ficarão apenas uma semana em exibição. Bastaria, por exemplo, a reprise dos três filmes de Carmem Miranda e quatro de Marilyn Monroe, lançados no Festival que o Cine Luz iniciou ontem - sem qualquer promoção especial - para se constituir num programa para os que tem mais de 40 anos e curtem estes dois mitos femininos. Entretanto, pela forma desorganizada com que, mais uma vez, a Fucucu trata de produtos especiais como estes, não será surpresa se houver fracasso de público. Estréias há muitas, e atraentes: "Homens", de Doris Dorrie - a comédia alemã que teve a melhor bilheteria na Europa em 1987, finalmente chega na tela ampla (Ritz, 5 sessões), paralelamente ao seu lançamento em vídeo cassete. "Conspiração Tequila", de Robert Towne (Astor); "De Caso com a Máfia", de Jonathan Demme (Plaza); "O Preço do Desafio" - que valeu ao desconhecido Edward James Olmos a indicação ao Oscar de melhor ator-89 (Cinema I); "O Resgate", de Ferdinand Farifax (São João); a comédia "Corra que a Polícia Vem aí", de David Zuckes (Condor); e, a melhor de todas as estréias - "Madame Souzantzka", de John Schlessinger, inesperada estréia que a Columbia faz no Lido II (que agora passa também a exibir as produções desta multinacional). Com Shirley McLaine - que estava ausente das telas desde "Laços de Ternura" - "Madame Souzantzka" foi levado ao festival de Cannes, elogiadíssimo pela crítica e mereceria também um lançamento mais bem cuidado - inclusive numa promoção com academias de música, já que a personagem-título é uma envelhecida professora de piano. Há ainda a estréia de um super-pornô - "Calígula 2", de David Hills - numa pretensa continuidade ao filme que Bob Guccione (revista Penthouse) financiou há 14 anos e que teve direção de Tinto Brassi (Cine Itália) - e que deve atrair um público específico. Some-se aos bons filmes que continuam em exibição - como o emotivo "Bom Dia, Babilônia", dos irmãos Taviani (Groff); "As Aventuras do Barão de Munchausen", de Terry Gillan (Bristol) e "Indiana Jones e a Última Cruzada" (Lido II) e vemos que não faltam opções nesta semana. De quebra, ainda uma reprise de um bom filme nacional: "Vera", de Sérgio Toledo, no distante Guarani. Conspiração Tequila - Alguns exagerados como Pepe Escobar classificam Robert Towne como o melhor roteirista contemporâneo. Nem tanto Céu. Towne é competente e fez um clássico - "Chinatown", que agora está tendo sua continuação ("The Two Jacks", também por ele roteirizado) em produção, dirigida por Jack Nicholson. Autor de bons outros roteiros ("Bonnie e Clyde", "O Poderoso Chefão"), Towne, entretanto, fracassou em sua primeira experiência como diretor ("As Parceiras", 1981). O que não invalida, em absoluto, sua nova tentativa neste "Tequila Sunrise", com um argumento interessante (naturalmente dele próprio): dois amigos de infância, voltam a se encontrar, adultos, em campos opostos: um é policial, outro traficante de tóxicos. Entre os dois, uma bela mulher - pretendida por ambos. Forma-se um triângulo com muita ação, suspense, e, naturalmente, sexo, desenvolvido de forma adulta. Nomes famosos no elenco - Mel Gibson, Michelle Pfeiffer, Kurt Russel e Raul Julia. No Cine Astor, um filme de conferência obrigatória. De Caso com a Máfia - Michele Pfeiffer, atriz na maior ascensão - e que começou a ter destaques em "Scarface" e "As Bruxas de Eastwick", consagrando-se em "Ligações Perigosas", não está só em "Operação Tequila". Ela é a principal personagem em "De Caso com a Máfia", outro filme em ritmo policial, que chega antecedido de ótimas críticas e sucesso de público. Michelle é Angela de Marco, uma mulher que tem dinheiro para tudo que deseja. Mas o seu marido, Franck (Alec Baldwin), é um mafioso que ao sair nunca sabe se voltará para casa para jantar ou vai acabar na cadeia. E Angela quer mudar de vida, oportunidade que surge quando seu marido "congela" um inimigo - e, através de um ardiloso golpe ela pode ficar livre... se a Máfia e o FBI a deixarem. No elenco, dois atores conhecidos - Matthew Modine e o veterano Dean Stockwell, mais coadjuvantes expressivos (Joan Cusak, Alec Baldwin), numa produção cuidadosa e cuja trilha sonora inclui até Rosemary Cloney, nostalgicamente cantando "Mambo Italiano". Também um filme de verificação obrigatória. Cine Plaza. O Preço do Desafio - Desde "Sementes da Violência" (Blackboard Jungle, 1954, de Richard Brooks), que filmes sobre conflitos entre professores e estudantes deixaram de constituir novidade. E "Stand and Deliver" poderia passar desapercebidamente - e talvez nem chegar a distribuição comercial no Brasil - se não o fato de seu ator principal, Edward James Olmos, ter sido indicado ao Oscar. Não recebeu o prêmio, mas só a nomination ajudou a carreira deste filme que mereceria também uma exibição especial, promocional, para autoridades, professores e estudiosos de problemas de educação. Baseado em fatos reais, ocorridos há apenas 7 anos, em Los Angeles, o filme mostra o trabalho de um professor boliviano, Jaime Escalante, que, no Colégio Garfield, em L. A., desenvolve um trabalho original para motivar estudantes a se dedicarem a matemática, obtendo resultados excelentes. Um trabalho tão marcante que teve problemas na Justiça - mas finalmente reconhecido. O diretor Ramon Mendendez, cubano exilado nos EUA nos anos 60, ex-assistente de Oliver Stone em "Salvador", e que realizou dois longas inéditos no Brasil ("Bordline" e "Califórnia"), trabalhou com um elenco identificado a personagens latinos, escolhendo inclusive Low Diamond Phillips (o Ritchie Valens, em "La Bamba") para um dos papéis centrais deste filme que trata de problemas de ensino, com seriedade, e que merece ser visto. LEGENDA FOTO - Envelhecido, o ex-galã Leslie Nelson - ao lado da bela Priscilla Presley (viúva de Elvis), está na comédia "Corra que a Polícia Vem aí" (Condor, 5 sessões).
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Cinema
8
11/08/1989

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